O Parlamento israelense votou nesta quinta-feira (18) uma resolução contra a criação de um Estado palestino, dizendo se tratar de uma “ameaça existencial” no momento em que o Exército de Israel ataca incessantemente a Faixa de Gaza, apesar dos múltiplos apelos internacionais por um cessar-fogo.
O pronunciamento é simbólico, mas gerou condenações internacionais e duras críticas por parte da Autoridade Palestina em um momento em que o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, se prepara para embarcar à Washington na próxima semana.
O premiê está sob pressão de seu principal aliado, os Estados Unidos, que estão mediando as negociações para uma trégua em Gaza e a libertação dos reféns israelenses.
Netanyahu insistiu esta semana que é “o momento de aumentar ainda mais a pressão” sobre o Hamas. “Temos eles agarrados pela garganta. Estamos a caminho da vitória absoluta”, enfatizou perante o Parlamento.
Tel Aviv vem repetindo que a guerra só termina com a destruição completa do grupo terrorista. Mais de nove meses depois do início do conflito, em 7 de outubro de 2023, o Hamas não dá sinais de ter perdido a capacidade de operar como organização.
A resolução aprovada pelo Parlamento israelense, o Knesset, afirma que a criação de um Estado palestino nos territórios ocupados por Israel “perpetuaria o conflito” e “desestabilizaria a região”.
“O Knesset de Israel opõe-se firmemente à criação de um Estado palestino a oeste do [rio] Jordão”, indicava o texto, alegando que a criação desta entidade “representaria um perigo existencial para o Estado de Israel e seus cidadãos”.
O texto foi aprovado por 68 votos a favor, em um Parlamento de 120 lugares. Nove membros do Parlamento pertencentes a partidos árabes se opuseram à resolução e deputados do Partido Trabalhista estiveram ausentes da sessão, informou o jornal local Haaretz.
O documento dizia que promover um Estado palestino encorajaria “o Hamas e os seus apoiadores” após o ataque do movimento terrorista que deixaram 1.200 mortos em 7 de outubro. Desde o início do conflito, ataques de Israel deixaram mais de 38 mil mortos e 89 mil feridos na Faixa de Gaza, segundo autoridades locais.
A Autoridade Palestina, que exerce administração parcial na Cisjordânia ocupada, afirmou que “não haverá paz nem segurança para ninguém sem o estabelecimento de um Estado palestino”. Também acusou a coalizão extremista que governa Israel de “mergulhar a região em um abismo”.
A França expressou sua consternação pelo voto que afirmou “contradizer as resoluções adotadas pelo Conselho de Segurança da ONU”. Egito e Jordânia também condenaram a aprovação do texto.
A criação de um Estado palestino nos territórios ocupados por Israel após a Guerra dos Seis Dias em 1967 se manteve por décadas como um símbolo dos esforços diplomáticos da comunidade internacional para resolver o conflito.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse estar “muito decepcionado” com a adoção da resolução, segundo um porta-voz.