Dezenas de palestinos foram mortos ou feridos no domingo (14) após ataque aéreo israelense ter atingido uma escola que abrigava deslocados na Faixa de Gaza, disseram autoridades de saúde ligadas ao Hamas. O ataque elevou a tensão na guerra em curso na região. No mesmo dia, em Israel, um suspeito num carro colidiu com um ponto de ônibus, deixando quatro feridos.
As ofensivas ocorreram um dia após dezenas de pessoas terem sido mortas em um campo de deslocados perto de Khan Yunis, depois de ataque aéreo que os israelenses justificaram como uma tentativa de matar o suposto mentor dos ataques de 7 de outubro do ano passado, Mohammed Deif.
No ataque à escola, que seria usada pela ONU no acampamento de Nuseirat, no centro de Gaza, o Exército israelense é acusado de matar 17 pessoas e deixar outras 50 feridas, segundo autoridades controladas pelo grupo terrorista. Esses dados não puderam ser verificados de forma independente.
A condição de Deif permaneceu incerta depois que o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, disse na noite de sábado que “ainda não há certeza absoluta” de que ele foi morto.
Moradores e autoridades de saúde palestinas em Gaza disseram que o Exército israelense intensificou os bombardeios aéreos e terrestres.
O Hamas disse que as alegações israelenses de querer eliminar Deif são falsas e tinham como objetivo apenas justificar o ataque contra palestinos.
Por sua vez, o chefe das Forças Armadas de Israel disse, neste domingo, que o Hamas está ocultando os resultados de ataque aéreo no dia anterior, em um complexo onde Deif estava escondido.
“Ainda é muito cedo para resumir os resultados do ataque, aqueles que o Hamas está tentando esconder”, afirmou o chefe do Estado-Maior general Herzi Halevi, em um comunicado televisionado.
Num ataque solitário no centro de Israel, quatro pessoas ficaram feridas, uma em estado crítico, quando um homem dirigindo um carro colidiu com um ponto de ônibus no domingo, disseram as autoridades israelenses.
O suspeito, que a polícia disse acreditar ser um morador de Jerusalém Oriental, foi “baleado e neutralizado” pelas forças de segurança no local, de acordo com Avi Biton, comandante do distrito central da polícia.
“O terrorista, viajando de leste a oeste, atropelou um número de israelenses em um ponto de ônibus — continuou por alguns metros, fez um retorno e realizou outro ataque de colisão em um ponto de ônibus”, disse Biton.
A polícia disse que estava procurando na área, perto da cidade de Ramle, por possíveis cúmplices.
SEM ACORDO
Considerando os taques recentes de Israel à Faixa de Gaza, o Hamas anunciou neste domingo que abandonou as negociações para um cessar-fogo com Israel.
O Hamas, no entanto, “está disposto a retomar as negociações quando Israel demonstrar seriedade para concluir um acordo de cessar-fogo” e sobre a libertação dos reféns em Gaza, em troca de presos palestinos detidos em Israel, afirmou uma fonte do grupo terrorista.
O anúncio aconteceu depois que, segundo o Hamas, bombardeios israelenses mataram dezenas de palestinos no sábado no campo de deslocados de Al Mawasi, sul do território, perto de Khan Yunis, e outras dezenas no campo de Al Shati na Cidade de Gaza, norte do território.
Israel afirmou que naquela área tinha como alvo dois líderes do Hamas, Deif e Rafa Salama —chefe do braço armado e comandante em Khan Yunis, respectivamente—, apresentados como “dois cérebros do massacre de 7 de outubro”.
Rafa Salama morreu no bombardeio, anunciou o Exército neste domingo, referindo-se a ele como um dos “cúmplices próximos” de Deif.
Esse, por sua vez, é procurado por Israel há anos. Foi Deif quem anunciou em áudio divulgado pelo Hamas o início do ataque na manhã de 7 de outubro do ano passado. Ele conseguiu escapar de pelo menos seis tentativas de assassinato.
Um líder do Hamas afirmou que Mohamed Deif estaria vivo. “Ele está bem e supervisiona as operações das Brigadas al-Qasam [o braço armado do grupo terrorista] e da resistência”, declarou.
Em um comunicado publicado em sua conta do X, neste domingo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que Israel “segue sabotando o processo de paz e o cessar-fogo no Oriente Médio”.