O presidente brasileiro em exercício, Geraldo Alckmin (PSB), disse nesta terça-feira (9) que o líder argentino Javier Milei tem mau gosto, mas que isso não afeta relações comerciais entre Brasília e Buenos Aires.
Milei esteve no Brasil pela primeira vez no final de semana. Em vez de realizar uma visita de Estado e encontrar autoridades do governo brasileiro, porém, participou da Cpac, conferência conservadora realizada em Balneário Camboriú, em Santa Catarina, onde se encontrou com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Não afeta [comércio entre Argentina e Brasil]. São relações de Estado. O mau gosto do Milei é assunto dele. Temos que fortalecer as relações de Estado”, disse Alckmin.
A declaração de Alckmin foi dada a jornalistas após a abertura do Transformar Juntos 2024, evento do Sebrae. Ele atua como presidente em exercício até o final desta terça, quando Lula retorna de viagem feita à Bolívia e ao Paraguai.
A quinta edição da Cpac Brasil consolidou a aliança do bolsonarismo com movimentos mundiais da direita radical. Milei irritou o governo brasileiro ao vir ao país em caráter não oficial, ignorando os protocolos diplomáticos.
Em seu discurso no evento, o ultraliberal poupou Lula de críticas e optou por uma fala mais contida, discorrendo sobre os males do socialismo. De maneira sintomática, ficou impávido quando a multidão entoou o grito de “Lula ladrão, seu lugar é na prisão”.
A única referência mais direta ao Brasil foi feita de passagem. Em determinado momento, citou “a perseguição judicial que sofre nosso amigo Jair Bolsonaro aqui”, em referência aos processos contra o ex-presidente. Para a diplomacia brasileira, que vinha prometendo reagir a provocações, o tom burocrático do argentino foi um alívio.
Antes de assumir a Casa Rosada, Milei chamou Lula de corrupto e de comunista e disse que não teria relações com o petista. Lula, por sua vez, manifestou apoio a quem enfrentava o ultraliberal nas ruas, o ex-ministro da Economia Sergio Massa, peronista.
A troca de farpas tinha escalado nas últimas semanas, quando eles voltaram a manifestar que não havia chance de uma reunião entre os dois ainda que os chanceleres dos dois países mantenham bom contato. Lula disse que Milei deveria pedir desculpas a ele, o que o argentino se recusou a fazer.