A Ucrânia pretende convencer os cidadãos em idade de combate que moram em outros países europeus a se alistarem nas Forças Armadas, com a criação de uma unidade chamada “legião ucraniana”, que será treinada na Polônia, anunciou o ministro da Defesa do país de Volodimir Zelenski.
Kiev, com o Exército esgotado após dois anos e meio de invasão russa, tenta reforçar suas fileiras. As autoridades ucranianas intensificam a mobilização interna no país, em parte graças a uma nova lei aprovada em maio.
A chamada lei da mobilização facilita a identificação de potenciais recrutas do país e oferece incentivos, como bônus em dinheiro para comprar uma casa ou um carro, segundo o site EuroNews.
Agora, o governo ucraniano tenta recrutar centenas de milhares de cidadãos que vivem em outros países da Europa, em particular na Polônia e Alemanha, incluindo alguns que fugiram ilegalmente justamente pelo medo de alistamento.
“Os ucranianos que estão na Polônia e em outros países da União Europeia poderão se unir à defesa assinando um contrato com as Forças Armadas”, anunciou o ministro Rustem Umerov nas redes sociais. Kiev calcula que há 300 mil homens ucranianos em idade de combate atualmente na Polônia.
A criação da unidade está contemplada em um acordo de segurança bilateral entre a Ucrânia e a Polônia, assinado na segunda-feira (8) em Varsóvia por Zelenski e pelo primeiro-ministro polonês, Donald Tusk.
Esta é uma “unidade especial de voluntários que será treinada em território polonês e equipada com armas ocidentais”, antes de ser mobilizada na frente de batalha na Ucrânia, disse Umerov. “Incentivamos todos os ucranianos que estão na Europa ao alistamento na legião ucraniana.”
Com a menção ao treinamento na Europa e ao armamento moderno, as autoridades tentam convencer os ucranianos, pois há vários meses o Exército enfrenta a falta de equipamentos devido aos atrasos no envio da ajuda ocidental. Além disso, circulam rumores sobre o envio imediato para a frente de batalha de recrutas jovens, sem treinamento adequado e mal equipados.
O ressentimento gerado pelo recrutamento foi agravado por escândalos de corrupção no Exército, incluindo um sistema enraizado de subornos para evitar o alistamento.
A Rússia e a Ucrânia entraram em guerra no dia 24 de fevereiro de 2022. Passados mais de dois anos do início, o conflito não parece estar próximo de uma trégua.