Em declaração que evidencia fissuras entre autoridades de Israel, o principal porta-voz do Exército, Daniel Hagari, afirmou nesta quarta-feira (19) que o grupo terrorista Hamas não pode ser eliminado apesar da guerra na Faixa de Gaza. A declaração contradiz promessas feitas por Binyamin Netanyahu e ainda expõe rachas no governo —enquanto o premiê condiciona o fim do conflito à destruição da facção, aliados cobram dele planos para o futuro do território palestino.
“O Hamas é uma ideologia, e não podemos eliminar uma ideologia. Dizer que vamos fazer o Hamas desaparecer é jogar areia nos olhos das pessoas”, disse Hagari à emissora israelense Canal 13. “Se não oferecermos uma alternativa, no final, teremos o Hamas no poder de Gaza.”
Trata-se da primeira vez que Hagari admite não ser possível eliminar a organização em mais de oito meses de guerra. Logo em seguida, o gabinete de Netanyahu rebateu os comentários.
“O gabinete político e de segurança liderado pelo primeiro-ministro Netanyahu definiu como um dos objetivos da guerra a destruição das capacidades militares e governamentais do Hamas”, disse em comunicado. “As forças de Israel estão, obviamente, comprometidas com isso.”