Reforçando a chamada diplomacia da limusine, Vladimir Putin presenteou o ditador Kim Jong-un com um segundo modelo russo Aurus Senat nesta quarta (19) e se fez passar por motorista do veículo, conduzindo o líder aliado pelas ruas de Pyongyang.
Kim havia ficado impressionado com o modelo russo, que emula o visual dos sedãs soviéticos ZIL e do clássico britânico Rolls-Royce Phantom, durante sua visita a Putin no Extremo Oriente do vizinho, no ano passado.
Em fevereiro, o Kremlin enviou uma primeira Aurus para o ditador norte-coreano. Aparentemente, ele gostou do presente, tanto que Putin levou mais um agora para a visita de Estado na qual assinou um pacto de defesa mútua com Pyongyang.
Segundo a imprensa russa, Putin dirigiu o modelo com Kim como passageiro por alguns quarteirões. Na chegada ao aeroporto, os dois líderes já haviam embarcado nele. O carro foi transportado em 1 dos 3 aviões Il-96 usados pela comitiva russa para a visita, e levava ao menos duas limusines usadas por Putin, a sua comitiva e destacamento de segurança.
No vídeo divulgado pelo governo russo, a limusine passa por ruas estreitas com um carro de segurança à frente. Só há tráfego no sentido contrário. Como em toda jogada de marketing do gênero, não se sabe os detalhes do trajeto.
Antes, os líderes haviam desfilado em uma limusine mercedes com o teto aberto, sendo saudados por ondas de crianças e jovens com balões e adereços florais, no típico estilo realista socialista vigente no país mais fechado do mundo.
Segundo o assessor do Kremlin Iuri Uchakov, Putin também deu a Kim uma adaga de almirante e um jogo de chá, cujo consumo é muito apreciado tanto na Rússia quanto na Coreia do Norte. Em troca, recebeu obras de arte, como bustos, que têm o próprio líder russo como objeto —algo apropriado para um Estado dado a culto de personalidade.
Putin usa a Aurus Senat desde 2018, quando parou de rodar Mercedes-Benz Maybach S600, aliás um dos modelos que Kim tem em sua coleção contrabandeada.
O interesse do norte-coreano já havia sido notado pelo jornalista Andrei Kolesnikov na visita de 2023. Descrevendo a reação do ditador ante a limusine como “deslumbramento”, ele escreveu: “Certamente ele ganhará uma de presente.”
Não se sabe qual a configuração dos carros entregues ao ditador. A versão de Putin é diferente do modelo comercial, que tem preço estimado em R$ 1,5 milhão, sendo mais de um metro mais comprida e pesando quase três vezes mais. O carro de Putin tem blindagem de padrão militar, sistemas de purificação de ar e oxigênio autônomo, contramedidas bélicas, armamentos, pneus que rodam furados.
Peça de propaganda da indústria russa, Aurus teve no seu desenvolvimento o apoio de fabricantes alemães, Porsche e Bosch, cortesia do tempo em que a Alemanha era grande parceira comercial compradora de gás de Moscou. O carro chega a até 250 km/h e chega de 0 a 100 km/h em 6 segundos.
O termo limusine deriva da região francesa de Limousin, mas é obscuro como foi associado a veículos —uma teoria popular diz que as primeiras carruagens que ganharam o apelido no século 18, com um assento isolado para o condutor, lembravam no formato capas com capuz de camponeses daquela localidade.
As primeiras limusines foram fabricadas na França e nos EUA na virada do século 20. Em 1916, a definição foi incorporada pela Sociedade de Engenheiros de Automóveis dos EUA, referindo-se a carros fechados com até cinco lugares, com o motorista em um compartimento separado. A partir dos anos 1930, elas ganharam as características atuais e o termo, o mundo.