Ao desembarcar em Joanesburgo para a cúpula do Brics nesta segunda-feira (21), o presidente Lula (PT) tinha a seu lado não só a primeira-dama, Janja, que o acompanha com frequência em suas viagens internacionais, como também a ex-presidente Dilma Rousseff.
A presença de Dilma é justificada por dois fatores. O primeiro é sua posição como dirigente do chamado banco do Brics, o NDB (Novo Banco de Desenvolvimento), cargo que assumiu em abril deste ano. O segundo é o fato de que, embora ela viva em Xangai, na China, onde fica a sede da instituição financeira, ela também estava no Brasil e pôde pegar uma carona no avião do presidente.
A imagem projetada pela união dos petistas destoa, porém, daquela de quando a ex-presidente foi visitar a Rússia em julho deste ano como chefe do NDB. Na ocasião, o Itamaraty não comentou a visita, e a embaixada brasileira não foi nem sequer alertada de que Dilma estava no país.
À época, interlocutores do governo viram o movimento como uma tentativa de manter separada sua imagem da de Lula. O presidente brasileiro tem pisado em ovos em relação à Rússia devido às críticas de parte da comunidade internacional a seus comentários sobre a Guerra da Ucrânia.
A cúpula do Brics acontece entre a terça-feira (22) e a quinta-feira (24), e reúne, além de Lula, os líderes sul-africano, Cyril Ramaphosa; chinês, Xi Jinping; e indiano, Narendra Modi. O presidente russo, Vladimir Putin, não viajou a Joanesburgo em razão de um mandado de prisão do Tribunal Pena Internacional (TPI) expedido por supostos crimes de Guerra da Ucrânia, e deve participar do encontro remotamente.
O principal tema em discussão é a possível expansão do bloco. China, Rússia e África do Sul são favoráveis a ampliar o grupo, enquanto Índia e Brasil adotam posição mais defensiva. Brasília e Nova Déli dizem não desconsiderar a ideia, mas pedem critérios bem definidos que balizem a expansão.