As forças militares de Israel bombardearam pelo quinto dia consecutivo nesta quarta-feira (11) pontos considerados estratégicos na Faixa de Gaza, região palestina controlada pelo grupo islâmico terrorista Hamas. A ação teria atingido a casa e matado familiares de Mohammad Deif, chefe da ala militar da facção e um dos mentores do pior ataque em território israelense em cinco décadas.
Deif ajudou a planejar a incursão do Hamas ao território israelense no último sábado (7), segundo agentes de inteligência. Os terroristas romperam os bloqueios que separam Israel da Faixa de Gaza e mataram mais de 1.200 pessoas de forma indiscriminada —outras 2.700 ficaram feridas. Em resposta, Tel Aviv vem lançando ataques diários que mataram ao menos 1.100 na Faixa de Gaza e feriram outras 5.300.
Bassem Naim, alto funcionário do Hamas, disse à agência de notícias Associated Press que o pai, o irmão e pelo menos dois outros parentes do líder terrorista foram mortos no ataque aéreo. A facção radical não havia confirmado as mortes de forma oficial até a tarde desta quarta.
Estradas, edifícios e outros locais considerados estratégicos para o Hamas também foram destruídos nos bombardeios. Segundo analistas, a ofensiva soa como um prelúdio de uma invasão por via terrestre a Gaza, semelhante às incursões em 2008 e em 2014, quando militares lançaram operações complexas por terra contra alvos no enclave palestino e que resultado na morte de milhares de pessoas.
À agência Reuters uma fonte de segurança disse que uma ofensiva terrestre agora parece inevitável. Antes de as invasões anteriores, Israel também adotou como tática a destruição de estradas em ataques aéreos, numa estratégia para limitar a movimentação e a comunicação de combatentes do Hamas.
Mas os ataques aéreos acabam por atingir também civis. Desde o início dos bombardeios, no sábado, 11 funcionários palestinos das Nações Unidas foram mortos em Gaza, disse nesta quarta Stéphane Dujarric, porta-voz da ONU. Entre as vítimas estão cinco professores e uma médica que atendia mulheres.
Dujarric afirmou ainda que ao menos 30 estudantes de centros educacionais administrados pela agência também morreram. Na madrugada, prédios da Universidade Islâmica na Faixa de Gaza foram destruídos —a instituição seria ligada ao Hamas. “Ninguém pode entrar por causa dos incêndios, pedras e escombros que ficaram espalhados pelas ruas”, disse Ahmed Orabi, funcionário da universidade.
Os bombardeios destruíram mais de mil casas e outras 560 ficaram inabitáveis, segundo a agência de coordenação de ajuda humanitária da ONU (Ocha, na sigla em inglês). Em cinco dias de conflitos, mais de 260 mil pessoas foram forçadas a deixar suas residências no enclave, de acordo com a organização.
Entre os deslocados, cerca de 175 mil pessoas se abrigaram em 88 escolas administradas pela agência da ONU que apoia os palestinos. Mais de 14,5 mil foram instalados em 12 escolas públicas, enquanto quase 74 mil estariam com familiares e vizinhos ou alojados em igrejas e outros locais públicos.
Giora Eiland, ex-chefe do Conselho de Segurança Nacional de Israel, disse que os ataques aéreos em Gaza “pareciam muito semelhantes às operações israelenses anteriores”, mas com a ressalva de que essas táticas não eliminaram o Hamas no passado.
Ele afirmou que uma ofensiva terrestre poderia neutralizar de forma mais eficaz os combatentes do Hamas e destruir a cadeia de comando. “Mas o governo ainda está relutante em tomar tal iniciativa porque pode envolver mais vítimas israelenses”, disse Eiland.
O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, anunciou um acordo com a oposição para formar um governo de emergência e criar um gabinete de guerra. O premiê e Benny Gantz, ex-ministro da Defesa e hoje na oposição, divulgaram o acordo em declaração conjunta.
O principal líder da oposição, o ex-premiê Yair Lapid, não faz parte da coalizão opositora, mas Netanyahu e Gantz disseram que um “lugar havia sido reservado” para ele no gabinete de guerra.
Ainda há temores de que o conflito entre israelenses e palestinos esteja se estendendo para outros territórios. Israel voltou a bombardear o sul do Líbano em resposta a novos ataques com foguetes lançado pelo Hizbullah. Já na Cisjordânia, outro território palestino, um ataque israelense matou 27 pessoas.