O democrata Robert Kennedy Jr. anunciou nesta segunda-feira (9) que pretende concorrer como candidato independente à Presidência dos Estados Unidos. Até então, o político de ascendência ilustre era visto como um dos poucos nomes que poderiam fazer frente à candidatura de Joe Biden nas primárias de seu partido —ainda que suas posições antivacina e crença em teorias da conspiração tenham feito dele um outsider dentro da legenda.
Kennedy Jr., que fez o anúncio sobre a candidatura em um evento na Filadélfia, na Pensilvânia, buscou se apresentar como uma voz capaz de representar aqueles que estão cansados da polarização que domina a sociedade americana hoje.
“As pessoas me abordam em todos os lugares, em aeroportos, hotéis, na rua. Elas me lembram que este país está pronto para uma mudança histórica”, disse o político a uma multidão reunida em frente ao Centro Nacional de Constituição. Segundo Tony Lyons, co-fundador da American Values 2024, organização que apoia o pré-candidato, informou à agência de notícias Reuters, Kennedy Jr. já arrecadou cerca de US$ 17 milhões (cerca de R$ 87 milhões) para sua campanha. Lyons espera que ele consiga outros US$ 10 milhões (R$ 51 milhões) após o anúncio.
A decisão de Kennedy Jr. complica a corrida presidencial de 2024, que caminhava para um confronto entre o atual presidente americano, o democrata Joe Biden, e seu antecessor, Donald Trump, o favorito à candidatura pelo Partido Republicano de acordo com as pesquisas de opinião.
Kennedy Jr. é filho de Robert Kennedy, assassinado em 1968 durante sua campanha presidencial. Os irmãos do presidenciável agora independente, Kerry, Rory e Joseph Kennedy 2º, condenaram a candidatura em um comunicado nesta segunda: “Bobby pode ter o mesmo nome que nosso pai, mas ele não compartilha dos mesmos valores, visões ou julgamentos que ele. O anúncio de hoje é profundamente triste para nós”.
Embora Kennedy Jr. esteja muito atrás nas pesquisas de opinião, estrategistas políticos consideram que a combinação de apoiadores abastados, nome famoso e falta de entusiasmo dos americanos em relação a Trump e Biden pode dar peso à sua campanha.
De acordo com uma pesquisa Reuters/Ipsos divulgada na semana passada, ele pode conquistar o apoio de cerca de um em cada sete eleitores dos EUA, e atrair votos tanto de Biden quanto de Trump.
Candidatos de fora do sistema bipartidário americano nunca venceram eleições presidenciais nos EUA. Em diversas ocasiões eles desempenharam, porém, um papel importante nas corridas eleitorais.
Muitos democratas apontam ainda os desafios que os candidatos independentes enfrentam para entrar nas cédulas das eleições em muitos estados, como a necessidade de coletar dezenas de milhares de assinaturas. “É um desafio enorme. Os dois principais partidos tornaram impossível para os candidatos de legendas alternativas entrar na cédula”, disse Diane Sare, candidata independente ao Senado dos EUA em Nova York, que compareceu ao anúncio de Kennedy Jr..
Ativista antivacina, ele foi suspenso do Instagram durante quase dois anos por “compartilhar repetidamente afirmações comprovadamente falsas sobre o coronavírus ou vacinas”. A conta foi reativada em junho passado.
Em 2021, Kennedy Jr. chegou a publicar um livro, que entrou nas listas dos mais vendidos do país, em que acusa Bill Gates, cofundador da Microsoft e ativista pró-vacina, e Anthony Fauci, principal consultor do governo durante a pandemia da Covid-19, de conluio com a indústria farmacêutica para lucrar com os imunizantes.