O papa Francisco oficializa neste sábado (30) a posse de 21 novos cardeais —sendo 18 deles com menos de 80 anos e, portanto, com direito a voto em um próximo conclave para a escolha do futuro pontífice. Chamada de consistório, a cerimônia acontece às 10h (5h em Brasília), em frente à basílica de São Pedro, no Vaticano.
Anunciado pelo papa em julho, este será o nono consistório de Francisco, 86, que neste ano completou dez anos de papado. Incluindo os novos integrantes, dos 242 membros do Colégio Cardinalício, 131 foram nomeados pelo argentino. Destes, 99 são eleitores, que representam mais de 70% do total do grupo que pode votar (137).
A predominância dos escolhidos por Francisco no total de eleitores faz aumentar as chances de que seu sucessor possa refletir a linha de atuação do argentino, mais progressista e inclusiva, prolongando os efeitos de seu papado.
Entre os 18 eleitores que serão oficializados agora, três possuem cargos na Cúria Romana, a cúpula administrativa da Santa Sé, dois são núncios (com funções diplomáticas) e dois são de duas dioceses importantes na Europa e na América do Sul –Madri e Bogotá. Na distribuição geográfica, são oito cardeais europeus —sendo apenas um italiano—, três asiáticos, três africanos, três sul-americanos e um norte-americano.
Nenhum brasileiro foi indicado dessa vez, e o país segue representado no Colégio Cardinalício por seis cardeais eleitores e um não eleitor.
Em suas escolhas, o papa Francisco tem indicado que não se sente obrigado a nomear cardeais os líderes de dioceses que têm relevância política ou econômica e que nem considera a indicação como um tipo de promoção na carreira eclesiástica. Na Europa, por exemplo, os arcebispos de Paris e Milão não são cardeais, enquanto aqueles de Marselha e Agrigento (província da qual a ilha de Lampedusa faz parte), sim –os dois locais têm histórico de problemas envolvendo questões migratórias.
Seus critérios principais têm sido prestigiar a atuação pastoral, de proximidade com os fiéis, e a diversidade geográfica, abrindo espaço para o chamado Sul Global, o bloco de países em desenvolvimento. Nessa linha estão duas indicações do continente africano, para religiosos de Juba, no Sudão do Sul, onde Francisco esteve em fevereiro, e de Tabora, na Tanzânia. As duas sedes terão um cardeal pela primeira vez.
Também a indicação do bispo de Hong Kong é considerada importante, uma vez que Stephen Chow Sau-Yan é considerado um bom interlocutor com a China, com quem o Vaticano possui acordo provisório para que a nomeação de religiosos seja consensual.
“A proveniência deles exprime a universalidade da Igreja, que continua a anunciar o amor misericordioso de Deus a todos os homens da terra”, disse o papa em julho, ao anunciar os nomes e a realização do consistório.
Os cardeais ocupam o segundo lugar na hierarquia da Igreja, apenas abaixo do papa. Além de escolherem o pontífice no conclave, também são seus colaboradores diretos. Pelo ritual deste sábado, o papa faz a entrega do barrete (tipo de chapéu) cor púrpura –por isso, os cardeais costumam ser chamados de purpurados– e do anel que simboliza a nova função.
O papa Francisco também participa neste sábado, no fim da tarde em Roma, de uma vigília ecumênica na Praça de São Pedro, aberta ao público, para marcar a abertura da assembleia de bispos do Sínodo da Sinodalidade, que começa na próxima quarta-feira (4).
OS NOVOS CARDEAIS
Eleitores
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D. Robert Francis Prevost (EUA), 68, prefeito do Dicastério para os Bispos
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D. Claudio Gugerotti (Itália), 68, prefeito do Dicastério para as Igrejas Orientais
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D. Víctor Manuel Fernández (Argentina), 61, prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé
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D. Emil Paul Tscherrig (Suíça), 76, núncio apostólico
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D. Christophe Louis Yves Georges Pierre (França), 77, núncio apostólico
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D. Pierbattista Pizzaballa (Itália), 58, patriarca latino de Jerusalém
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D. Stephen Brislin, 67, arcebispo da Cidade do Cabo (África do Sul)
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D. Ángel Sixto Rossi, 65, arcebispo de Córdoba (Argentina)
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D. Luis José Rueda Aparicio, 61, arcebispo de Bogotá (Colômbia)
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D. Grzegorz Rys, 59, arcebispo de Lódz (Polônia)
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D. Stephen Ameyu Martin Mulla, 59, arcebispo de Juba (Sudão do Sul)
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D. José Cobo Cano, 58, arcebispo de Madri (Espanha)
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D. Protase Rugambwa, 63, arcebispo coadjutor de Tabora (Tanzânia)
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D. Sebastian Francis, 72, bispo de Penang (Malásia)
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D. Stephen Chow Sau-Yan, 64, bispo de Hong Kong
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D. François-Xavier Bustillo, 55, bispo de Ajaccio (França)
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D. Américo Manuel Alves Aguiar, 50, bispo auxiliar de Lisboa (Portugal)
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Rvdo. Ángel Fernández Artime, 63, reitor-Mor dos salesianos (Espanha)
Não eleitores
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D. Agostino Marchetto (Itália), 83, núncio apostólico
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D. Diego Rafael Padrón Sánchez, 84, arcebispo emérito de Cumaná (Venezuela)
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Pe. Luis Pascual Dri, 96, confessor no Santuário de Nossa Senhora de Pompeia, Buenos Aires (Argentina)