A Coreia do Norte decidiu nesta quarta-feira (27) expulsar o soldado americano Travis King, preso em julho ao cruzar a fronteira do país sem autorização, segundo a agência de notícias estatal KCNA.
King participava de uma excursão turística pela zona desmilitarizada que separa as Coreias quando invadiu o território norte-coreano e foi capturado. A área, conhecida pela sigla DMZ em inglês, é o único ponto de contato direto entre a ditadura comunista ao norte e a democracia capitalista liderada por Yoon Suk-yeol ao sul e conta com a presença de forças de segurança de ambos os lados.
Segundo os norte-coreanos, King entrou no país de forma deliberada e ilegal, com a intenção de permanecer ali ou em outro país. Em agosto, o regime informou que o soldado havia solicitado refúgio sob a alegação de “tratamento desumano e discriminação racial” nos Estados Unidos e nas Forças Armadas.
Autoridades americanas buscaram informações sobre o paradeiro de King, mas o regime norte-coreano ignorou contatos. Nesta quarta, a ditadura informou que decidiu expulsar o soldado depois de terminar uma investigação sobre o episódio. “King confessou que se intrometeu ilegalmente no território da Coreia do Norte porque […] estava desiludido com a sociedade desigual dos EUA”, reiterou a KCNA.
Ainda segundo a agência estatal, o regime decidiu expulsar King de acordo com a lei do país. As autoridades, porém, não detalharam como, quando ou para onde ele será expulso. Também não comentaram o estado de saúde do americano. O Departamento de Estado dos EUA e a Casa Branca não se manifestaram sobre o anúncio.
Poucos detalhes foram divulgados sobre o episódio. Uma testemunha do momento em que King atravessou para o lado norte-coreano disse que o militar estava em um grupo que havia visitado um dos prédios da zona desmilitarizada quando ele “soltou uma gargalhada e passou a correr entre os edifícios”.
Ainda de acordo com a testemunha, o grupo pensou, a princípio, tratar-se de uma piada de mau gosto, mas, ao perceber que o soldado não retornava, teria ficado claro que aquilo não era uma brincadeira.
King havia sido designado para a Coreia do Sul como membro da Equipe de Combate da Primeira Brigada, Primeira Divisão Blindada. Antes de cruzar a fronteira ao Norte, King já havia sido fichado pelas autoridades sul-coreanas e chegou a se declarar culpado de agressão e de destruição de bens públicos, em crimes que ocorreram no ano passado.
Em fevereiro, um tribunal de Seul ainda determinou que o americano pagasse multa no valor de 5 milhões de wons (R$ 19,2 mil) pelos crimes. Segundo a corte, King deu vários socos no rosto de um homem durante uma festa numa boate em setembro passado. Duas semanas depois, os policiais tentaram interrogá-lo, mas o homem voltou a manifestar comportamentos agressivos.
King não respondeu às perguntas dos agentes, que o levaram à força para o banco de trás de uma viatura. O americano, então, teria reagido com palavrões e insultos contra a população, o Exército e a polícia locais. Durante o ataque de fúria, chutou a porta do veículo várias vezes, causando danos avaliados em 584 mil wons (R$ 2.000).