O apagão que afetou 25 estados e o Distrito Federal na terça-feira (15) ocorreu após o desligamento de uma linha de transmissão por “atuação indevida do sistema de proteção”, em Quixadá no interior do Ceará. De acordo com a Companhia Hidro Elétrica de São Francisco (Chesf), a “atuação indevida” ocorreu “milissegundos” antes do desligamento da linha Quixadá II/Fortaleza II às 8h31.
O apagão atingiu cerca de 29 milhões de unidades consumidoras, como residências, comércios, escolas e hospitais.
A subestação na cidade de Quixadá gera 500 KV, suficiente para abastecer cerca de 3,1 milhões de pessoas. Ela está ligada a estações no Nordeste e Sudeste.
A companhia destaca ainda que o desligamento da linha de transmissão em Quixadá não teria força para provocar o apagão registrado em quase todo o país.
“Ressalta-se que o desligamento da citada linha de transmissão, de forma isolada, não seria suficiente para a abrangência e repercussão sistêmica do ocorrido”, afirmou.
A Chesf reforçou que as redes de transmissão do SIN são planejadas pelo critério de confiabilidade “n-1”, de modo que, em caso de desligamento de qualquer componente, o sistema deve ser capaz de permanecer operando sem interrupção do fornecimento de energia.
Ação ou falha humana
Luiz Carlos Ciocchi, diretor-geral do ONS, que se reuniu com ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia, conversou com a imprensa após o encontro.
Questionado sobre possibilidade de ação ou falha humana, ele disse que, neste momento, nenhuma hipótese é descartada.
“ONS é órgão técnico. O Relatório de Avalição de Perturbação [RAP] tem esse nome de relatório, mas é uma sequência de reuniões que são realizadas entre ONS e os agentes envolvidos. Seguem um padrão, seguem um procedimento e faz análise técnica do assunto. Fator humano é um fator analisado do ponto de vista técnico. Pode haver falha humana? Pode ter havido uma falha humana. Hoje, nós não podemos dizer que houve ou não houve”, disse Ciocchi.
ONS fala em ‘desafio’ na apuração
Ciocchi afirmou que o grande desafio na apuração das causas é desvendar por que um evento como esse, na linha de transmissão Quixadá/Fortaleza, que não deveria causar um apagão da magnitude do desta terça, acabou gerando o episódio.
“O proposito hoje é identificar o evento zero a partir de onde essa propagação se originou. Diferentemente de outros eventos que ocorreram no Brasil, nós não tivemos aqui um raio, uma intempérie, uma queda de uma torre na linha de transmissão, ou qualquer evento que tivesse relacionado”, afirmou.
Dinâmica da falha
O ONS explicou também qual foi a dinâmica da falha no Ceará.
A linha de transmissão da Eletrobras “abriu”. No jargão técnico, significa que a rede desligou. Só que isso é relativamente comum, segundo o ONS, e não causa apagão como foi o desta terça.
O ONS ainda vai identificar por que a linha abriu em Quixadá. E falta descobrir também por que a abertura dessa linha ocasionou toda a reação em cadeia.
Segundo Ciocchi, não era para a linha ter aberto.