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Gigantes de commodities agrícolas, Rússia e Brasil buscam articulação – 24/09/2023 – Nelson de Sá

A Bloomberg noticiou, ecoando amplamente na Rússia, do financeiro RBC à agência RIA Novosti, que os governos russo e brasileiro buscam “possíveis datas” para reativar a Comissão de Alto Nível Russo-Brasileira de Cooperação, voltada a comércio, investimento e outros.

Saída da conversa entre os chanceleres Serguei Lavrov e Mauro Vieira na ONU, a primeira reunião será entre o primeiro-ministro Mikhail Mishustin e Geraldo Alckmin, que comandarão a comissão. Rússia e Brasil estão na presidência, respectivamente, do Brics e do G20.

A Bloomberg tem destacado a aproximação entre os dois países no comércio de derivados de petróleo, com o Brasil comprando não só mais fertilizantes, mas gasolina e diesel, com desconto, virando o segundo maior cliente russo. Até então, comprava diesel dos EUA.

Os dois também vem se tornando potências agrícolas na última década à custa dos EUA —e à base do uso dos fertilizantes russos. Em nova chamada retumbante da Bloomberg, “Brasil se tornou o maior exportador mundial de milho e soja. O algodão é o próximo” (acima).

Com a “safra robusta” no Brasil e o Texas, “maior produtor americano”, enfrentando seca e alta temperatura, a expectativa é que o país passe os EUA em vendas no período que começa, 2023-24. A notícia já chegou à agência chinesa Xinhua, ouvindo produtor brasileiro.

De sua parte, a Rússia passou os EUA na exportação de trigo. Segundo o Financial Times, com “supersafra” neste ano, o trigo russo levou à queda global dos preços, mesmo com “disrupção nas exportações da Ucrânia” e produção menor de Argentina e Canadá.

EM VLADIVOSTOK

O acesso a commodities agrícolas russas foi o foco de South China Morning Post, Global Times e outros para o Fórum Econômico do Oriente, em Vladivostok, que contou com Vladimir Putin. Anunciou-se novo eixo logístico do Corredor Terrestre de Grãos Rússia-China.

A China, por segurança alimentar, quer importar “soja, milho, cevada, trigo, carne e laticínios da Rússia”. A produção agrícola crescente na Sibéria e outras regiões orientais russas é projetada há tempos, inclusive pelo New York Times, como efeito da mudança no clima.


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Fonte: Folha de São Paulo

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