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HomeMundoAtivista feminista na China é julgada por subversão - 22/09/2023 - Mundo

Ativista feminista na China é julgada por subversão – 22/09/2023 – Mundo

A jornalista e ativista Sophia Huang Xueqin, considerada uma das principais feministas da China, começou a ser julgada nesta sexta-feira (22) sob a acusação de “incitar a subversão do Estado”. Ela está presa desde setembro de 2021, quando foi detida após receber uma bolsa para estudar no Reino Unido.

Huang ajudou a difundir na China o #MeToo, movimento global contra o assédio que começou nos Estados Unidos. Ela ficou conhecida por organizar campanhas e prestar assistência a mulheres vítimas de agressão sexual. Jornalista independente, também se notabilizou pela cobertura dos protestos pró-democracia em 2019 que levaram milhões de pessoas às ruas em Hong Kong.

A acusação de subversão é utilizada com frequência pelo regime chinês contra dissidentes e costuma implicar numa pena máxima de cinco anos de prisão. Pessoas consideradas líderes dos movimentos ou responsabilizadas por crimes graves, porém, podem ser condenadas por agravantes e sentenciadas a penas ainda mais duras. As autoridades não divulgaram detalhes do processo contra Huang.

Na mesma sessão, Wang Jianbing, ativista pelos direitos trabalhistas, também responde à acusação de incitar a subversão. Ele e Huang foram capturados juntos há dois anos a caminho do aeroporto da cidade de Guangzhou, no sul da China.

Uma porta-voz do grupo #MeToo disse que as acusações contra a dupla se baseiam em reuniões que eles realizaram com jovens chineses, durante as quais discutiam questões sociais.

Diplomatas de vários países ocidentais, incluindo Estados Unidos, Grã-Bretanha, Alemanha, França e Holanda, tentaram acompanhar ao julgamento como observadores, mas relatam terem sido impedidos pelas autoridades chinesas. “Ninguém deveria ser preso e levado a julgamento por exercer os seus direitos fundamentais”, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico em comunicado.

Grupos que atiam em defesa dos direitos humanos dizem que os ativistas foram submetidos à tortura e colocados em confinamento solitário durante vários meses. A polícia local não respondeu a pedidos de comentários feitos pela agência de notícias Reuters.

As prisões dos ativistas motivaram protestos em Londres, Taipé e Hong Kong. Os manifestantes ainda lançaram uma campanha chamada #FreeXueBing, na qual pedem a apoiadores que enviem cartões postais ao centro de detenção de Guangzhou pela libertação da dupla.

A detenção também acendeu um debate global sobre a responsabilidade das instituições estrangeiras de proteger os estudantes chineses. Apoiadores de Huang acusam o programa de bolsas britânico de não se manifestarem por medo de antagonizar com o governo chinês. Estudantes da China representam cerca de 20% das matrículas internacionais na universidade de Sussex, e suas mensalidades —juntamente com parcerias com instituições chinesas— fornecem um importante fluxo de receita.

Fonte: Folha de São Paulo

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