A acusação do Canadá à Índia, por um assassinato em seu território, “vinha circulando há semanas” no governo americano e junto a aliados como o Reino Unido, destacou a Bloomberg. Não veio a público na cúpula do G20, mas o primeiro-ministro Justin Trudeau já cobrou Narendra Modi em Nova Déli.
O problema é que “a situação ameaçava perturbar as relações num momento em que os aliados veem a Índia como um importante contrapeso à China –o que levou a uma reação silenciosa de outros governos ao que tipicamente seria uma bomba”.
O Washington Post publicou, citando a aliança de inteligência Five Eyes, de EUA, Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, que o governo canadense solicitou apoio e foi rejeitado (acima):
“Alguns desses aliados, incluindo os EUA, negaram se juntar ao Canadá no anúncio conjunto do que foi levantado na investigação, sublinhando os extremos a que foi o governo Biden para cortejar a potência asiática como contrapeso estratégico à China.”
Em contraste com a Bloomberg, o jornal trocou a notícia no dia seguinte e dois dias depois acrescentou nota dizendo que a fonte, anônima, havia negado parte dela. A reportagem segue se espalhando por mídia social, principalmente indiana.
O New York Times publicou então que Joe Biden “concluiu que precisa da ajuda de alguns autocratas para combater autocratas maiores” e que, “se isso significa ser gentil com a Índia, entre outros, que seja”.
O jornal listou que vale também para, até aqui, Arábia Saudita, Egito, Bahrein e Vietnã. E recordou assassinatos em solo estrangeiro cometidos por sauditas e russos, mas não mencionou os americanos.
SEM A INFLUÊNCIA DOS EUA
O título original da reportagem de capa da Economist, no ar desde terça, era “À medida que a influência dos EUA se apaga, as economias asiáticas estão se integrando” (acima). Mudou dois dias depois para um vago “Como a Ásia está reinventando seu modelo econômico”. A chamada de capa ficou ainda pior, “Investindo no bairro“.
Encerrando o texto sobre “o continente no coração da globalização”:
“Os EUA manterão influência sobre a segurança asiática, mas sua importância econômica diminuirá. Empresários e governantes estarão mais interessados e receptivos aos seus vizinhos, em vez de clientes e países mais distantes. Com fábricas locais ainda em construção, consumo crescendo e um grande conjunto de poupadores asiáticos cada vez mais idosos, desesperados por projetos para financiar, o ápice da integração regional ainda não foi alcançado. A nova era do comércio asiático será mais focada localmente e menos voltada para o Ocidente. O mesmo acontecerá com o próprio continente.”
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