Um dos sonhos de consumo dos empresários portugueses —e de muitos empresários brasileiros com interesses em Portugal e na Europa — é conseguir que a Apex, agência de investimento e promoção externa do Brasil, se instale em Portugal. A partir dessa base, o comércio com a Europa poderia ser incrementado.
No passado mês de abril, quando lusos e brasileiros, sob a égide da entrega do Prêmio Camões a Chico Buarque, se juntaram em Lisboa, ao mais alto nível para uma muito desejada cúpula, o presidente do Brasil, ele mesmo, fez essa promessa. Mas ela ainda está por cumprir.
Foi nesse sentido que, dentro da atividade da Associação Portugal Brasil 200 anos, em junho visitei a sede da Apex em Brasília e encontrei os mais altos responsáveis da instituição —e, por inerência de cargo, intérpretes da promessa presidencial. Eu lhes propus Coimbra e a Casa da Cidadania da Língua para a Apex começar rapidamente as suas operações lusas.
Jorge Viana e Floriano Pesaro, os rostos na Apex designados para conduzir os esforços do investimento externo do Brasil, são os responsáveis pela execução do pedido presidencial, mas até agora sem aparente sucesso.
O assunto até já foi objeto de muitas conversas em encontros —ao mais alto nível e em petit comité — em Portugal, no Brasil, em Brasília, em Lisboa, em Coimbra. E com certeza em Bruxelas, onde hoje o organismo brasileiro mantém a sua representação europeia —essa dedicada às relações burocráticas com os órgãos da UE.
Mas agora, seis meses depois da promessa, vendo o tempo passar sem que nenhum acontecimento ocorra, um grupo de notáveis empresários e profissionais liberais brasileiros que moram e trabalham entre Portugal, Europa e o Brasil, deixa sua postura silenciosa e busca atitudes práticas.
Gente com poder político e influência em vários segmentos do governo brasileiro, desde liberais, passando pelo centrão e chegando à ala mais esquerdista do PT, assinam em conjunto —o poder de união em Portugal é notável— uma missiva dirigida ao presidente Lula e ao presidente da Apex, Jorge Viana, se oferecendo para ajudar no estabelecimento da tão desejada sede lusa.
São mais de cem personalidades. Empresários, gestores culturais, investidores de muitos setores da economia, diretores de instituições luso-brasileiras, filósofos, professores, advogados e até jornalistas, os subscritores da “Carta de apoio à criação de escritório da Apex em Portugal”.
Destacando Portugal como pátria irmã na língua, e, sendo essa língua “nossa pátria, como disse Fernando Pessoa”, os 100 de Lisboa indicam Portugal como o local ideal para os negócios brasileiros na Europa, em especial na nova realidade com a implementação do acordo comercial União Europeia-Mercosul.
Casa já há e Lula já sabe, agora é torcer para Viana —gestor com ampla experiência executiva como governador— e Pesaro muito apressarem o passo ao ritmo do Brasil.
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