O Ministério da Defesa de Taiwan afirmou ter detectado 103 aeronaves militares chinesas próximas da ilha em um período de 24 horas. Muitas das aeronaves cruzaram a chamada linha mediana do estreito de Taiwan, que separa o território do continente, em missões de “longo alcance” não especificadas.
Taiwan vive sob ameaça constante de uma invasão da China, que considera a ilha uma província rebelde, parte inalienável de seu território e promete retomá-la à força, se necessário. Segundo o Ministério da Defesa taiwanês, as 103 aeronaves foram detectadas entre as manhãs de sábado (17) e de domingo. “[Trata-se de] um recorde que representa graves desafios à segurança do estreito”, disse a pasta em nota.
“O assédio militar contínuo pode levar a um aumento repentino da tensão e piorar a segurança regional”, acrescentou. Diante da escalada de tensão, o governo de Taiwan ainda pediu que Pequim “interrompa imediatamente” o que chamou de “ações unilaterais destrutivas”.
Taipé disse que ao menos 40 aviões detectados na manhã deste domingo cruzaram a linha mediana e entraram na zona de identificação da defesa aérea do sudeste e sudoeste da ilha. Além das aeronaves, as autoridades ainda detectaram nove navios da Marinha chinesa na região.
O Ministério das Relações Exteriores da China não comentou a incursão, mas a porta-voz da pasta, Mao Ning, reafirmou a posição de Pequim sobre a ilha. “O que gostaria de afirmar é que Taiwan é parte do território chinês e que a chamada linha mediana não existe”, limitou-se a dizer.
Taipé denunciou na semana passada um aumento no número de incursões de aviões e navios militares chineses, depois de Pequim ter dito que suas tropas estavam em alerta máximo após a passagem, neste mês, de dois navios dos Estados Unidos e do Canadá pelo estreito de Taiwan.
Na semana passada, entre as manhãs de quarta (13) e quinta-feira (14), 68 aeronaves chinesas e 10 navios de guerra foram detectados ao redor da ilha, segundo o Ministério de Defesa de Taiwan.
Algumas das aeronaves e navios se deslocavam em direção a uma área não especificada do Pacífico Ocidental para realizar treinamentos marítimo e aéreo em conjunto com o porta-aviões chinês Shandong, acrescentou a pasta. Procurado, o regime chinês também não se pronunciou sobre as atividades.
Sob a assertividade do líder chinês, Xi Jinping, Pequim vem aumentando as pressões militar e política contra Taiwan nos últimos meses. O ápice das tensões aconteceu em agosto de 2022, quando a então presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, fez a primeira visita de uma alta autoridade americana em 25 anos à ilha. Depois, a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, retribuiu a visita. Em represália, as forças chinesas simularam em abril um “cerco total” à ilha.