A Colômbia vive luto por Fernando Botero, o artista mais célebre do país sul-americano, que morreu nesta sexta-feira (15) aos 91 anos em Mônaco, após cinco dias com uma pneumonia. Políticos, personalidades e jornais da nação vizinha e do mundo lembraram a importância e os momentos mais marcantes da carreira do pintor.
“O maior artista colombiano de todos os tempos”, diz a manchete do El Tiempo, uma das principais publicações do país, que faz uma cobertura em tempo real com entrevistas a especialistas. “Quebrou todos os recordes no mundo da arte“, diz a página, citando 300 mil visitantes no Palácio de Belas Artes do México e 155 mil no de Bilbao.
Segundo o jornal, flores serão colocadas em 29 esculturas do artista espalhadas por Medelín, cidade onde ele nasceu e para a qual doou diversas de suas obras há 20 anos. O prefeito do município, Daniel Quintero Calle, anunciou sete dias de luto com homenagens principalmente na Praça Botero, onde turistas costumam posar em frente a 23 delas.
O Museu de Antioquia, que também tem uma grande coleção doada pelo artista desde a década de 1970, afirmou que terá entrada gratuita nesta sexta-feira. Nos próximos dias, também haverá uma missa na Catedral Metropolitana de Medelín, e serão realizadas palestras e oficinas sobre seu legado para a cidade.
O presidente Gustavo Petro escreveu uma homenagem nas redes sociais. “Morreu Fernando Botero, o pintor das nossas tradições e defeitos, o pintor das nossas virtudes. O pintor da nossa violência e da paz. Da pomba mil vezes rejeitada e mil vezes colocada no seu trono”.
Ele se refere à série de esculturas de pombas gordas feitas por Botero, incluindo uma que comemorou o fim das negociações de paz do governo com as Farc, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, em 2016. “Eu me uno a este processo transcendental de paz na Colômbia”, disse o artista em mensagem entregue junto à obra à época.
O jornal colombiano El Espectador destacou que “o mundo da arte acordou com a notícia do falecimento de um dos maiores artistas que a Colômbia já teve”, em cobertura mais sóbria. O El País local lembrou ainda a obra mais cara do artista, a pintura “Homem a Cavalo”, leiloada em março de 2022 por US$ 4,3 milhões (cerca de R$ 20 milhões) na Christie’s de Nova York.
Já o El País espanhol, com braços em toda a América Latina, descreveu Botero como “o artista colombiano mais universal”, recordando suas origens humildes e o início da carreira como ilustrador do jornal El Colombiano no final dos anos 1940.
A morte do pintor ganhou destaque também em outros meios de comunicação do continente, como nos argentinos Clarín e La Nación. O primeiro o caracteriza como genial, e o segundo lembra esculturas suas exibidas na cidade de Buenos Aires, como no Parque Tays.
A rede inglesa BBC o chama de “um dos artistas mais reconhecidos do mundo”, e a americana CNN ressalta que suas obras iam “da crítica política à sátira”, mencionando suas pinturas sobre torturas na prisão de Abu Ghraib durante a guerra no Iraque como algumas de suas “obras de denúncia mais relevantes”.
A repercussão da morte de Botero, porém, também chama atenção pelas ausências. Até o início da tarde desta sexta, não houve menção ao artista nas redes sociais por outros presidentes latino-americanos, incluindo Lula, nem na página inicial de grandes jornais americanos, como o The New York Times, que destacam uma grande greve de trabalhadores de montadoras nos Estados Unidos.