Joe Biden vai melhor do que Donald Trump –ao menos fora dos Estados Unidos. É o que mostra uma análise feita em 34 países, inclusive o Brasil, pelo Pew Research Center. Os resultados mostram que uma eventual vitória do empresário na eleição deste ano deve ser encarada com desconfiança pelo mundo.
Na visão da maior parte dos entrevistados (40%), os EUA deixaram de ser um bom exemplo de democracia em anos recentes. O restante se divide entre quem considera que o país continua sendo um bom modelo, e aqueles que afirmam que nunca foi.
A pesquisa, divulgada nesta terça-feira (11), mostra ainda que 43% afirmam ter mais confiança em Biden em temas internacionais, enquanto apenas 28% declaram o mesmo sobre o republicano. No entanto, a visão positiva sobre o democrata vem recuando em diversas regiões, e a maior parte dos entrevistados reprova a atuação do americano na guerra entre Israel e Hamas.
Em 14 dos 21 países em que há dados para o ano passado e este, a confiança em Biden recuou. A queda é observada principalmente na Europa –houve queda de 4 pontos na Alemanha, 12 pontos na Espanha e 13 da Polônia, por exemplo. Uma das poucas exceções é a Argentina, onde subiu de 29% para 36%.
Os brasileiros, por sua vez, confiam menos tanto em Biden quanto em Trump do que a média global: 37% e 26%, respectivamente. A visão positiva sobre o atual presidente também caiu —no ano passado, 43% diziam confiar no democrata.
Por outro lado, o país tem uma visão um pouco mais positiva sobre a democracia americana, com 31% afirmando que ela é um bom exemplo, 33% dizendo que ela deixou de ser, e 22% declarando que nunca foi.
Trump desperta mais confiança do que BIden apenas na Hungria, comandada pelo premiê de extrema-direita Viktor Orbán, e na Tunísia. Também destoam da média geral Gana, Israel, Quênia, Nigéria, Filipinas e Tailândia, países em que cerca de metade da população dizem confiar no empresário.
O levantamento, realizado entre janeiro e maio, também investigou a opinião dos entrevistados sobre o desempenho de Biden em cinco áreas: problemas econômicos globais, relações com a China, mudança climática, Guerra da Ucrânia e em Gaza. O presidente americano não se sobressai em nenhum.
A desaprovação mais alta ocorre em relação ao conflito no Oriente Médio: 57% fazem uma avaliação ruim do democrata; apenas 31% têm uma visão positiva. A desaprovação em relação à Ucrânia é um pouco menor (50% vs. 39%).
Os números não estão distante dos enfrentados por Biden dentro dos EUA. Inicialmente bem-recebido, o apoio dado pelo presidente a Tel Aviv foi perdendo tração conforme a crise humanitária em Gaza ganhou escala.
Alvo de críticas internas e externas, o americano vem adotando uma postura mais dura em relação ao aliado, mas a mudança não foi suficiente para aplacar essa oposição.
Mesmo em Israel, a atuação de Biden na guerra em Gaza é rejeitada por 6 em cada 10 pessoas. Em paralelo, a confiança no democrata despencou de 68% para 57% de 2023 para 2024.
O presidente americano tampouco consegue uma avaliação majoritariamente positiva em áreas bandeiras de seu mandato: a agenda climática e a recuperação econômica pós-Covid. Nesses dois pontos, a opinião sobre sua atuação é dividida: 44% desaprovam e 43% aprovam.
O cenário externo mais uma vez se aproxima do interno. Economia é um dos principais pontos fracos de Biden na visão do eleitorado americano, enquanto o enorme pacote aprovado para a transição energética não tem sido um grande chamariz de votos.
Para o brasileiro, o pior desempenho de Biden se dá nos conflitos: 54% reprovam a atuação na Ucrânia e 53% a em Gaza. O americano também é mal avaliado na agenda climática (47% desaprovam) e na sua relação com Pequim (48% de rejeição).
A pesquisa perguntou ainda a visão geral sobre os EUA. Os resultados mostram estabilidade, com 54% afirmando ter uma visão favorável ao país e outros 31%, desfavorável.
O presidente americano também é melhor avaliado globalmente do que o líder chinês, Xi Jinping, e o russo Vladimir Putin –vistos como confiáveis por apenas 24% e 21%, respectivamente.
A visão dos brasileiros sobre os dois é ainda pior: apenas 15% dizem confiar em Xi e 10% em Putin. Os números são significativamente mais baixos do que em outros países da América Latina, como Argentina, Peru, e México.