Eleitores americanos estão mais preocupados com a condução da economia por Joe Biden do que com a política para o aborto a ser eventualmente adotada por Donald Trump, mostra uma pesquisa inédita divulgada pelo portal especializado de análise política Cook Political Report nesta quinta-feira (23).
O levantamento considera pessoas que provavelmente vão votar em novembro, já que a a participação não é obrigatória nos EUA, nos sete estados em que o resultado é mais incerto, chamados pêndulo: Arizona, Carolina do Norte, Geórgia, Pensilvânia, Michigan, Nevada e Wisconsin.
Perguntados sobre o que os preocupavam mais, 55% dos entrevistados responderam a atuação na economia de Biden, e 45%, uma política para aborto por Trump. O resultado coloca em dúvida a estratégia democrata, que vem apostando forte na defesa dos direitos reprodutivos para enfraquecer o republicano, a quem acusam de querer proibir o aborto em todo o país –atualmente, cada estado define sua própria legislação.
Nas últimas eleições de meio de mandato, o engajamento provocado pela reação à revogação do direito constitucional ao aborto pela Suprema Corte foi apontado como uma das razões para o bom desempenho do partido de Biden nas urnas.
Pesa contra o atual presidente a percepção negativa de seu desempenho na economia. Para 40% dos entrevistados, Biden reduziria os preços —que dispararam durante seu mandato— se reeleito. No caso de Trump, esse percentual sobre para 56%.
Os resultados estão em linha com outros levantamentos, que mostram uma avaliação melhor do mandato do republicano pelo eleitorado americano do que da presidência de Biden.
“Embora o aborto continue sendo uma questão forte para os democratas, a vantagem do presidente Biden sobre o tema não é forte o suficiente para compensar a força geral de Trump em reduzir o custo de vida. A posição fraca geral de Biden, combinada com a profunda preocupação dos eleitores sobre os custos crescentes, está atualmente limitando sua capacidade de argumentar que Trump é o maior risco”, analisa Amy Walter, diretora do Cook Political Report.
“Ainda assim, a corrida está próxima porque as fraquezas pessoais de ambos os candidatos dificultam que eles aproveitem as questões que deveriam beneficiá-los”, completa.
Ao mesmo tempo em que o ponto forte de Trump é melhor avaliado, o fraco do democrata é visto como mais danoso. Para 53%, a idade avançada do presidente e sua capacidade de encerrar um novo mandato é uma preocupação maior do que o temperamento e problemas com a Justiça do empresário (uma questão mais relevante para 47%).
Não surpreende, assim, que Trump esteja na frente nas intenções de voto no conjunto dos sete estados, com 47% de apoio, enquanto Biden vem atrás com 44%. Se outros nomes são incluídos como opções, sobretudo o do independente Robert F. Kennedy Jr., a margem de diferença cresce para 43% vs. 38%.
Na análise estado a estado, Biden perde em seis e empata com Trump em apenas um (Wisconsin). A diferença entre os dois, no entanto, é pequena na maior parte deles: varia de um a três pontos em Arizona, Geórgia, Michigan e Pensilvânia. Apenas na Carolina do Norte e em Nevada essa margem é maior, de sete e nove pontos percentuais, respectivamente.