“Alemanha para os alemães. Fora, estrangeiros”. É o que cantavam alemães em um bar caro na ilha de Sylt, um reduto da elite no norte do país. Trata-se de um slogan conhecido da extrema direita.
Um dos participantes também parece fazer a saudação nazista com o braço, um gesto proibido na Alemanha, enquanto coloca dois dedos sobre os lábios, como se quisesse imitar o bigode de Hitler.
O vídeo gerou muita indignação. Até o chanceler federal, Olaf Scholz, se manifestou. Ele disse que esse slogan era inaceitável.
Para piorar, as imagens vieram à tona no mesmo dia em que a Alemanha celebrava os 75 anos de sua Constituição, que estabelece logo no início que a dignidade humana é inviolável. A polícia abriu uma investigação.
E o episódio trouxe à tona outro debate. Como seria a Alemanha sem estrangeiros? Quase 25% da força de trabalho do país tem histórico de migração. Esse conceito abrange quem nasceu fora, ou quem nasceu na Alemanha de mãe e pai estrangeiros que mudaram para o país após 1950.
Sem eles, alguns setores da economia teriam muita dificuldade de operar. No setor da limpeza, por exemplo, 60% dos trabalhadores têm histórico migratório. Na gastronomia, esse percentual é de 46%. Na construção civil, de 40%, e no cuidado de idosos, 30%.
Em janeiro, o presidente alemão já havia dado um alerta. Se a Alemanha ficasse sem estrangeiros, a economia estaria em maus lençóis.
E a maior federação empresarial da Alemanha disse ser essencial que os estrangeiros se sintam seguros para viver e trabalhar no país.