A Singapore Airlines decidiu introduzir regras mais rígidas para passageiros e tripulação quando o avião estiver em zona de turbulência. O anúncio ocorre após 1 passageiro morrer e cerca de 30 ficarem feridos, na terça-feira (21), em um voo que sofreu forte instabilidade pelo mau tempo quando ia de Londres para Singapura. A aeronave perdeu altitude repentinamente e teve de fazer um pouso forçado em Bancoc, na Tailândia.
A companhia aérea disse nesta sexta-feira (24) que está adotando uma “abordagem mais cautelosa” para lidar com turbulências. O serviço de refeições a bordo será interrompido quando o sinal de cinto de segurança for ligado, e não serão oferecidas bebidas quentes nessas situações. Os membros da tripulação também terão de retornar a seus assentos e afivelar seus cintos.
Até quarta-feira (22), pelo menos 20 passageiros do voo SQ 321 estavam em UTIs de hospitais tailandeses após sofrerem traumas graves, incluindo danos na medula espinhal e lesões na cabeça.
A Singapore disse que “continuará a revisar processos” para priorizar a segurança da tripulação e dos passageiros. A companhia, porém, não passará a exigir que todos os passageiros usem o cinto durante toda a viagem, independentemente das condições de voo no momento. As aéreas geralmente aconselham os viajantes a se prenderem a seus assentos apenas em zonas de turbulência.
No voo da terça-feira, pessoas foram arremessadas no teto da cabine, e pertences pessoais e itens do serviço de café da manhã ficaram espalhados por toda a aeronave.
As demais empresas aéreas tampouco planejam tornar obrigatório o uso do cinto durante toda a duração do voo, disse Ron Bartsch, ex-chefe de segurança da Qantas Airways e que gerenciava as operações aéreas do regulador de aviação civil da Austrália.
Segundo Bartsch, mortes e lesões graves devido a turbulências severas são tão raras que não vale a pena introduzir restrições permanentes que possam afastar alguns passageiros. “Não consigo me lembrar da última fatalidade [anterior] associada à turbulência. Não é algo comum”, disse. “As pessoas não gostam de ser obrigadas a usar o cinto de segurança e voltar aos seus assentos. Não espero grandes mudanças na forma como as companhias aéreas operam.”
Em seu comunicado, a Singapore disse que os pilotos e o pessoal de cabine estão cientes dos perigos associados à turbulência. A tripulação já é treinada para garantir que todos os itens soltos e equipamentos sejam recolhidos para minimizar o risco de lesões nessas situações.
A turbulência pode ocorrer quando um avião atinge uma corrente de ar forte que empurra ou puxa a estrutura da aeronave. O fenômeno pode ser causado por bolsões de ar quente ou sistemas meteorológicos poderosos. Em altitudes mais elevadas, a aeronave pode enfrentar a chamada turbulência de céu claro, de difícil identificação porque causada por massas de ar com velocidades diferentes.
A instabilidade pode arremessar os passageiros com tanta força que pode ser algo tão perigoso como cair de cabeça de uma escada ou mergulhar em uma piscina rasa de concreto, de acordo com Rohan Laging, diretor adjunto de serviços de emergência do grupo hospitalar Alfred Health, em Melbourne.