No fim de 2023, a Conferência de Trabalho de Relações Exteriores, realizada em Pequim, deixou claro o eixo central do trabalho diplomático da China: construir uma comunidade com futuro compartilhado para a humanidade. Com isso, ela também estabeleceu o grandioso objetivo a ser perseguido pela diplomacia de um grande país com características chinesas. “Ninguém é uma ilha isolada, todos fazem parte de um vasto continente.”. Na atual era da globalização, a humanidade se mostra ainda mais como uma comunidade que prospera e sofre em conjunto.
Já em 2013, o Presidente Xi Jinping apresentou a iniciativa de construir uma comunidade com futuro compartilhado para a humanidade, introduzindo a visão chinesa sobre a governança global, bem como sobre qual tipo de mundo a ser construído e como construí-lo.
Hoje, a construção de uma comunidade com futuro compartilhado para a humanidade já evoluiu de uma iniciativa chinesa para um consenso internacional e já se desenvolveu de apenas uma bela visão para uma realização prática. Do bilateral ao multilateral, do regional ao global, da saúde à internet e aos oceanos, a China construiu uma comunidade com futuro compartilhado para a humanidade com dezenas de países e regiões em diversas áreas. A comunidade com futuro compartilhdo foi incluída nas resoluções da Assembleia Geral das Nações Unidas, bem como nas resoluções e declarações da Organização de Cooperação de Xangai (SCO), dos Brics e de outras organizações em múltiplas ocasiões.
No início deste ano, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, visitou com sucesso o Brasil por ocasião do 50º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre a China e o Brasil. Ele se reuniu com o presidente Lula e outras altas autoridades brasileiras para apresentar o objetivo de construir uma comunidade com futuro compartilhado entre a China e Brasil, o que é de grande importância para proteger os interesses comuns dos países em desenvolvimento e responder de forma mais eficaz aos desafios globais. A construção de uma comunidade com futuro compartilhado entre a China e o Brasil se mostra como um terreno bastante fértil, com potencial de desenvolvimento considerável e perspectivas brilhantes de cooperação.
Aprofundar a cooperação prática e construir o modelo de um novo e positivo tipo de relações entre grandes países. A China e o Brasil têm enormes complementaridades em termos de recursos, estrutura industrial de consumo. A carne bovina, o café, a soja, o milho e diversos outros produtos agrícolas brasileiros de alta qualidade atravessaram o oceano e enriqueceram a mesa dos chineses.
A nova tecnologia energética da China contribuiu para o desenvolvimento verde e sustentável do Brasil, e ambos os países se tornaram intrinsecamente ligados, como resultado do aprofundamento da cooperação pragmática inclusiva e aberta a todos. Ambos são países em desenvolvimento, tendo como objetivos comuns a redução da desigualdade entre ricos e pobres, a reestruturação e modernização industriais, bem como economias verdes e de baixo carbono.
O desenvolvimento econômico comum e o bem-estar das pessoas são tarefas compartilhadas para ambos os lados. Além da base profunda de cooperação pragmática e das estratégias de desenvolvimento altamente compatíveis, a China e o Brasil também têm conceitos diplomáticos bastante semelhantes. Assim, os países estão bem posicionados para superar barreiras geográficas e diferenças culturais, engajar-se em diálogos e intercâmbios francos e se tornar espinha dorsal de uma nova ordem internacional para um melhor desenvolvimento.
Aprimorar a cooperação estratégica e praticar o multilateralismo genuíno. A China e o Brasil sempre praticaram o multilateralismo genuíno e se opuseram tanto aos blocos políticos de pequenos círculos quanto ao pensamento unilateral que prioriza apenas o próprio país. Graças aos esforços conjuntos de ambos os países, os Brics alcançaram uma expansão histórica, e a UA (União Africana) entrou para o G20. Como a próxima cúpula do G20 será realizada este ano no Rio de Janeiro, a China e o Brasil devem colocar seus pontos fortes em ação nessa importante arena multilateral. Ou seja, devem fortalecer as sinergias e a coordenação, promover o acoplamento de estratégias de desenvolvimento, melhorar os mecanismos de cooperação em políticas macroeconômicas, cooperar para o avanço da reforma da governança econômica global e, em conjunto, impulsionar a multipolaridade do mundo no caminho da igualdade e da ordem.
Fortalecer o Sul Global e promover a governança global baseada em consulta ampla, esforços conjuntos e benefícios compartilhados. A lei da selva não é a regra para a coexistência humana. A imposição de forças e a hegemonia não são doutrinas benéficas para a paz da humanidade. O jogo do vencedor leva tudo e de soma zero não são caminhos para o desenvolvimento humano. Os rumos do mundo não devem ser ditados por alguns poucos países poderosos; ao contrário, as regras internacionais definidas através de negócios comuns, a ordem global de construção comum e o compartilhamento dos frutos do desenvolvimento constituem o caminho correto.
Como um conjunto de países de mercados emergentes e em desenvolvimento, a participação do Sul Global na economia mundial responde por mais de 40%, redesenhando profundamente o mapa da economia mundial, aumentando continuamente a voz e a representação dos países em desenvolvimento nos assuntos globais e contribuindo para uma estrutura de governança global mais eficiente e equilibrada. A China e o Brasil, como membros importantes da família do Sul Global, estão bem posicionados para desempenhar um importante papel no avanço da multipolaridade mundial e na democratização das relações internacionais, bem como para forjar um consenso sobre a governança global, contra o hegemonismo e o autocentramento ocidental.
Manter a paz mundial e promover a construção de um novo tipo de relações internacionais. Em um contexto internacional de turbulência e mudança, a China e o Brasil sempre foram os guardiões da paz e estabilidade mundial. Diante da crise ucraniana, do conflito israelo-palestino, da escalada das tensões no Mar Vermelho e de outros focos de conflito, ambos os países agiram com dedicação e responsabilidade em ocasiões bilaterais e multilaterais, ao mesmo tempo que responderam prontamente à mesa e correram contra o tempo no sentido de “promover o diálogo, conseguir cessar-fogo e a paz “. Dissemos resolutamente “não” à escolha de lados e ao fornecimento de armas para as partes em conflito; assim, evitamos que os países em desenvolvimento fossem vítimas do jogo dos grandes países.
Da mesma forma, rompemos com os conceitos e teorias obsoletas, como a mentalidade da Guerra Fria, a mentalidade da hegemonia e a teoria do choque de civilizações. Inauguramos um novo caminho nas interações entre os países, que é o do diálogo em vez do confronto, da parceria em vez da aliança, o qual proporcionou uma alternativa para as relações entre os países. Assim, demos as mãos para impulsionar a construção de um novo tipo de relações internacionais, que seja pautado por respeito mútuo, equidade, justiça, cooperação e situações de ganho mútuo.
Se contarmos com a sabedoria de todos, podemos conquistar qualquer objetivo; se usarmos a força de todos, podemos fazer qualquer coisa. Trata-se de um antigo ditado chinês. Com um sentido parecido, os brasileiros costumam dizer: “A união faz a força”. Diante da caótica situação internacional, a China e o Brasil compartilham uma ampla gama de interesses e responsabilidades comuns de desenvolvimento.
Enquanto países emergentes e independentes, a China e o Brasil não devem apenas fazer um bom trabalho no que tange a seus próprios assuntos, mas fortalecer também a unidade e a cooperação, ancoradas em um objetivo comum. Ambos devem demonstrar o papel de um grande país e, em conjunto, enviar uma forte mensagem de unidade e autoaperfeiçoamento, desenvolvimento comum e trabalho conjunto, para promover a construção de uma comunidade com futuro compartilhado entre a China e o Brasil e uma comunidade com futuro compartilhado para a humanidade, construindo assim um mundo melhor.