O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, cancelou compromissos e disse nesta quarta-feira (24) que vai se afastar “por alguns dias” das funções públicas para decidir se permanece, ou não, no cargo. A declaração ocorreu após a esposa do premiê, Begoña Gómez, tornar-se alvo de uma investigação por suposta corrupção e tráfico de influência.
Sánchez, líder do Partido Socialista (PSOE) que foi reeleito em novembro do ano passado, disse que anunciará a decisão final na próxima segunda-feira (29). “Eu preciso pausar e refletir”, escreveu ele em carta divulgada na plataforma X.
“Neste momento, eu tenho que perguntar a mim mesmo: vale a pena? Sinceramente, não sei… se devo continuar liderando o governo ou renunciar a essa honra. […] Vou cancelar minha agenda pública por alguns dias para refletir e decidir qual caminho seguir.”
O anúncio, considerado surpreendente mesmo para integrantes do PSOE, ocorreu horas após um tribunal informar que havia iniciado uma investigação preliminar contra Gómez. A corte não divulgou detalhes do caso, que está em sigilo e em estágio inicial, limitando-se a dizer que a queixa foi apresentada pela organização anticorrupção Manos Limpias (Mãos Limpas, em português), cujo líderes têm vínculos com a ultradireita.
Segundo o jornal espanhol El Confidencial, investigadores examinam supostos vínculos de Gómez com empresas do setor aéreo que teriam recebido fundos e contratos públicos do governo.
Segundo o premiê, disse ele e a esposa têm sofrido ataques que merecem respostas. Ele afirmou que Gómez é inocente e que cooperará com as investigações. Ela não se manifestou.
Na carta divulgada nas redes sociais, Sánchez também critica Alberto Núñez Feijóo, líder da oposição e integrante do Partido Popular (PP), e Santiago Abascal, do partido de ultradireita Vox. Segundo o premiê, eles colaboraram com a divulgação das acusações.
Feijóo disse que Sánchez estava tentando culpar os partidos de oposição pelas decisões tomadas por juízes. “O primeiro-ministro tem um problema judicial. Ele está fugindo de suas responsabilidades. O que ele deveria ter feito é dar explicações. […] Se a esposa dele não tem nada a temer, ela deveria ir ao tribunal e provar sua inocência.”
Vários membros do gabinete de Sánchez foram vistos chegando à residência oficial do premiê ao longo desta quarta. Ministros do governo também manifestaram apoio.
“A ofensiva da direita não pode prevalecer,” ela Yolanda Díaz, a ministra do Trabalho, na plataforma X. “Devemos defender a democracia, o bloco progressista e a legitimidade do governo de coalizão que tanto melhorou a vida das pessoas.”