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Usuários denunciam esquema de cobrança por agendamento no CadÙnico, em Maceió

O que era para ser um serviço simples de assistência social se tornou uma dor de cabeça para parte da população de baixa renda e uma ocasião para fraude para quem se aproveita do desespero de pessoas carentes em Maceió. Não conseguir um agendamento com a Coordenação Municipal do Cadastro Único (CadÚnico), situada no bairro de Serraria, já tira o sono de muita gente, e pensando nisso, uma mulher montou um esquema de “facilitação” na marcação de atendimentos. Ela oferece ajuda na frente do prédio público, ao perceber a dificuldade para os usuários, e com uma forma de ganhar dinheiro de quem já sofre com a falta dele, negocia um valor com as pessoas para burlar a maneira legal de agendamento.

Em meio às reclamações de usuários, pelas complicações para conseguir atendimentos, a reportagem do programa Cidade AL, da TV Pajuçara, esteve na sede do CadÚnico, na Avenida Menino Marcelo, para obter respostas. Antes, foi feita uma simulação de tentativa de agendamento, pelo site da Prefeitura de Maceió, mas quadrados em vermelho na tela indicam duas semanas de datas bloqueadas, ou seja, sem vagas. A mensagem dizia: “O serviço selecionado não possui horários disponíveis no momento, normalmente novos horários são adicionados nos dias de domingo, segunda, terça, quarta e quinta, às 21h”. 

Diante desta situação, de o serviço não oferecer disponibilidade de vagas para os usuários, foi que uma pessoa “facilitadora” apareceu em cena. Uma mulher se apresenta como a solução dos problemas e abre a possibilidade de um caminho mais curto para essas pessoas carentes conseguirem o que tanto querem. Ela se responsabiliza por agendar, pegar a ficha e entregar esta senha para o usuário. Mas tudo isso tem um preço: R$ 25.

Valéria dos Santos é o nome da mulher que fica sentada numa mesa na frente do prédio, próxima de uma máquina de cópias, e que oferta para o usuário do CadÚnico o agendamento fora do horário determinado pela plataforma. E toda a negociação é feita pelo aplicativo de mensagens WhatsApp.

Na conversa, Valéria passa a chave Pix, pede o comprovante da transferência e depois o nome completo, CPF e data de nascimento da pessoa. Após a negociação, a facilitadora manda mensagem para o pagador com o agendamento e a lista do que é preciso ter para o atendimento. Já sobre a senha, ela tranquiliza o usuário ao afirmar que é só procurá-la no prédio no dia do atendimento.

Todo o modo de operação da mulher foi comprovado pela reportagem do Cidade AL, de Ivan Lemos, com produção de Handson Holanda, edição de imagem de Eslane Reis, e imagens de José Pereira. A seguir, você vai ver que o produtor da TV Pajuçara se passou por um usuário do CadÚnico, e com uma câmera escondida, foi possível observar o diálogo dele com Valéria. Ela conseguiu o atendimento para ele em menos de 12 horas. Assista abaixo à matéria completa:

O que diz a Prefeitura de Maceió – Diante das denúncias, a TV Pajuçara marcou entrevista com um representante do Município, para comentar sobre o caso, porém o encontro foi cancelado horas depois. Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social informou que um boletim de ocorrência foi registrado para que a polícia investigue a situação.

O órgão afirmou ainda que um processo administrativo interno foi aberto para a apuração dos fatos. Por fim, a Secretaria destacou que só tomou conhecimento da situação devido à reportagem da TV Pajuçara e que os envolvidos serão responsabilizados, uma vez que a gestão não compactua com nenhum tipo de desvio ou ação criminosa.

Nesta segunda-feira, 22, a reportagem retornou para o CadÚnico e encontrou Valéria dos Santos no mesmo posto de trabalho, com a máquina de cópias. 

Ministério Público abre inquérito para investigação – Em contato com a TV Pajuçara, o promotor de Justiça Marcos Romulo de Melo destacou que o Ministério Público do Estado de Alagoas vai investigar a situação. A participação de um servidor público, usado ao menos para facilitar a marcação para Valéria, não está descartada. Também não se sabe se ele teria lucrado com o esquema.

“Nós vamos instaurar o inquérito civil público de ofício para investigar se existe dentro da secretaria a participação de algum servidor público nessa fraude. Se houve, vamos responsabilizar ambos. A mulher que revende e o agente público envolvido. Acho muito pouco provável que não haja [participação de servidor público], pois como ela obtém essas fichas? Como ela consegue de forma tão célere quando ninguém consegue através do sistema, na internet, então como consegue obtê-las? Então eu acho que o mais provável é que tenha a participação de alguém dentro da secretaria”.

Fonte: TNH1

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