Uma jurada foi dispensada do julgamento criminal do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump nesta quinta-feira (18) após afirmar que se sentia intimidada porque alguns aspectos de sua identidade foram tornados públicos. Dirigindo-se ao tribunal, a jurada disse que familiares, amigos e colegas entraram em contato com ela após deduzirem através de notícias na imprensa que ela estava no júri.
“Neste momento, não acredito que posso ser imparcial e isenta, e evitar que influências externas afetem minhas decisões no tribunal”, disse a jurada, que estava entre os sete selecionados no início desta semana.
“Nós acabamos de perder o que provavelmente seria uma jurada muito boa”, disse o juiz do caso, Juan Merchan, depois que a jurada foi dispensada. Ele pediu que a imprensa para não divulgue respostas dos jurados em potencial sobre onde trabalham.
Trump responde à acusação de, durante a campanha eleitoral de 2016, ter comprado o silêncio de uma atriz pornô com quem teria tido um relacionamento. O ex-presidente diz ser inocente e nega que tenha se relacionado com Daniels. Na segunda (11), ele afirmou ser vítima de perseguição política.
A decisão da jurada colocou em evidência o alto nível de pressões em torno do primeiro julgamento criminal de um ex-presidente dos EUA. Trump tem criticado testemunhas, funcionários do tribunal envolvidos no caso e seus parentes, levando o juiz Merchan a impor uma ordem parcial de silêncio sobre ele.
Os outros seis jurados selecionados até o momento permaneceram no julgamento. No total, 12 jurados serão escolhidos para atuar no julgamento do primeiro ex-presidente americano a enfrentar acusações criminais. O processo de escolha pode durar mais de uma semana e continua nesta quinta-feira (18).
Os candidatos a formar o júri têm que responder a um questionário exaustivo de 42 perguntas que se concentra especialmente em saber se se sentem capazes de julgar, com equidade e imparcialidade, um caso altamente midiatizado e politizado, além de quais jornais costumam ler e as redes sociais que utilizam. O juiz disse que as identidades dos 12 jurados e seis suplentes permanecerão anônimas, exceto para Trump, seus advogados e promotores.
Candidato novamente a presidente nas eleições deste ano, Trump voltou nesta quinta (18), ao tribunal de Nova York onde acontece a seleção dos membros do júri. Uma condenação dele não o impediria de assumir o cargo, mas metade dos eleitores independentes e um em cada quatro republicanos dizem que não votariam nele, se ele fosse condenado.
A promotoria de Manhattan acusa o magnata de 34 falsificações de documentos contábeis da empresa da família, Trump Organization, para comprar o silêncio de uma ex-atriz pornô por um caso extraconjugal, para que não interferisse na campanha de 2016 que ele venceu contra a democrata Hillary Clinton.
O julgamento deve ter início na segunda-feira (22) com a apresentação dos argumentos iniciais da acusação e da defesa antes do início das declarações das testemunhas. O julgamento deverá durar até oito semanas, para irritação de Trump, que critica o fato de ter que estar no tribunal em vez de fazer campanha política.
Se for considerado culpado, Trump, de 77 anos, pode ser condenado a quatro anos de prisão, embora para isso o veredicto do júri deva ser unânime.