O Brasileirão de 2024 começa assombrado por dois problemas recorrentes: arbitragem fraca e gramados ruins. Quem mais deveria zelar pelo próprio produto, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), sabota seu principal torneio desde a rodada de abertura. O problema mais grave – e recorrente – é o péssimo nível da arbitragem brasileira. Uma sucessão de…
O Brasileirão de 2024 começa assombrado por dois problemas recorrentes: arbitragem fraca e gramados ruins. Quem mais deveria zelar pelo próprio produto, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), sabota seu principal torneio desde a rodada de abertura.
O problema mais grave – e recorrente – é o péssimo nível da arbitragem brasileira. Uma sucessão de erros do passado desemboca numa tentativa de renovação sem critério. Não há escola brasileira de arbitragem. Cada ex-árbitro que assume o departamento de arbitragem da CBF tenta impor sua interpretação particular das regras do jogo.
A falta de renovação impediu que muitos árbitros promissores fizessem carreira. Carlos Eugênio Simon e Sandro Meira Ricci monopolizaram grandes jogos e Copas do Mundo por 16 anos. Simon apitou três Copas seguidas: 2002, 2006 e 2010. Ricci trabalhou em 2014 e 2018. Essa reserva de mercado restringiu o acesso de bons árbitros ao alto nível.
Atualmente, existe uma tentativa apressada e desastrada de renovação. Muitos árbitros jovens, sem lastro emocional para a exigência de uma Série A de Brasileiro, estão sendo jogados aos leões. Jogadores e treinadores sentem o cheiro de árbitro inseguro de longe e tentam apitar o jogo, pressionam e contribuem para a instalação do caos.
Nada disso atenua erros de interpretação inacreditáveis, como nos casos dos pênaltis ocorridos e não marcados no jogo entre Vasco e Grêmio. Há lances polêmicos e de interpretação, como o penal para o Flamengo no último minuto e critérios diversos para expulsões.
Outro aspecto preocupante: a divulgação dos áudios da comunicação entre árbitro de campo e árbitros de vídeo. É uma Torre de Babel de gritaria, nervosismo e palavras incompreensíveis.
Para completar, gramados impraticáveis ou muito ruins impedem o bom desenvolvimento técnico do jogo e expõem atletas a lesões. O caso do Serra Dourada, palco de Atlético-GO e Flamengo, é escandaloso. O estádio esteve praticamente abandonado e foi preparado a toque de caixa para o jogo. Cenas de funcionários tentando retificar autênticos morros em campo envergonham qualquer torcedor brasileiro.
Será que a CBF fez uma vistoria no gramado? Caso tenha feito, quem aprovou?
Falta padronização de gramados e fiscalização. Todo ano as desculpas se acumulam com argumentos sobre diferenças climáticas. Mas, se no deserto árabe temos gramados perfeitos, seria tão difícil assim no Brasil?
O envelopamento do produto vende a ideia de qualidade. Alguns estádios têm péssima iluminação e as camisas têm números ilegíveis. Custa padronizar?
Pródiga em organizar festas e distribuir mesada para as federações estaduais em busca de apoio político, a CBF maltrata seu principal campeonato desde a primeira rodada.
Há tempo para corrigir a rota. Mas está cada vez mais claro que a criação de uma Liga Profissional é urgente.