Um conselho de governo encarregado de liderar o Haiti e restaurar a ordem foi instalado nesta sexta-feira (12) no país caribenho, um mês após a renúncia do primeiro-ministro, Ariel Henry, em meio à onda de ataques de grupos criminosos em Porto Príncipe.
O decreto foi publicado no diário oficial do país caribenho. Desde a saída de Henry, o país era governado por um “conselho de transição presidencial”, cujo objetivo é abrir caminho para as primeiras eleições no país desde 2016.
“O mandato do conselho presidencial de transição termina, no mais tardar, em 7 de fevereiro de 2026”, diz o decreto. O documento ainda diz que os membros do conselho devem nomear “rapidamente” um primeiro-ministro e um governo “inclusivo”.
As negociações para criação do conselho foram intermediadas por líderes da Comunidade do Caribe (Caricom) e pelo chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken.
Ariel Henry aceitou ceder o poder para o governo de transição. Após o anúncio, vídeos nas redes sociais mostraram haitianos celebrando nas ruas da capital, Porto Príncipe, dançando em clima de festa e soltando fogos de artifício.
O ex-premiê assumiu o cargo de primeiro-ministro em julho de 2021, cerca de duas semanas depois do assassinato a tiros do presidente Jovenel Moïse, que o tinha indicado ao posto. Desde então, o país enfrenta uma crise profunda na política e na segurança pública.
No início de março, porém, a situação tornou-se insustentável, com gangues unindo forças para atacar locais estratégicos da capital, Porto Príncipe, e exigindo a renúncia do então primeiro-ministro, Ariel Henry.
De acordo com relatório divulgado pelo escritório de direitos humanos da ONU, os conflitos entre gangues no país mataram mais de 1.500 pessoas desde o início do ano, incluindo crianças. Algumas dessas mortes foram causadas por linchamentos, apedrejamentos e queimaduras.
“Fatores estruturais e conjunturais levaram o Haiti a uma situação cataclísmica, caracterizada por uma profunda instabilidade política e instituições extremamente frágeis”, diz o texto.
Apesar da escalada recente, a crise no Haiti vem de séculos, desde a independência da França, em 1804. Depois de uma série de sucessão de governos no século 19 derrubados por revoltas ou assassinatos, o país foi dominado pela ditadura violenta de François “Papa Doc” Duvalier e seu filho, Jean-Claude “Baby Doc” até meados dos anos 1980.