O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, afirmou que situações geopolíticas instáveis ao redor do mundo exigem que seu país esteja mais pronto do que nunca para a guerra. Segundo o líder, “agora é a hora” de que as tropas norte-coreanas se preparem para a eclosão de um novo conflito militar.
A declaração, mencionada pela Agência Central de Notícias da Coreia (KCNA, na sigla em inglês), foi feita nesta quinta-feira (11) enquanto o ditador inspecionava a principal universidade militar do país. “Esboçando a complicada situação internacional… e a situação militar e política instável […], ele [Kim] disse que agora é a hora de estar mais completamente preparado para a guerra do que nunca.”
A Coreia do Norte intensificou o desenvolvimento de armas nos últimos anos sob o regime de Kim e estreitou laços militares e políticos com a Rússia, supostamente ajudando Moscou na guerra contra a Ucrânia em troca de ajuda em projetos militares estratégicos.
Kim disse ao corpo docente e aos estudantes da universidade que, se o inimigo optar pelo confronto militar, a Coreia do Norte dará um “golpe fatal sem hesitação, mobilizando todos os meios em sua posse”, de acordo com a KCNA. Não está claro a qual inimigo o ditador se referia.
As ameaças ocorreram em um momento de recrudescimento das relações diplomáticas entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul. No começo do ano, o regime comandado por Kim anunciou mudanças na forma como lida com Seul por meio de alterações na política e nas organizações governamentais que tratam o país vizinho efetivamente como um Estado separado e inimigo. Pyongyang também fechou agências que se dedicavam à reunificação das duas Coreias.
Desde o fim da Guerra da Coreia (1950-1953), os dois países tratam um ao outro de maneira diferenciada —as relações entre ambos dependem de agências e ministérios especiais que fazem as vezes dos ministérios das Relações Exteriores, por exemplo. Além disso, as nações adotavam políticas para uma futura reunificação pacífica, geralmente visando um único Estado com dois sistemas.
Mas especialistas acreditam que a Coreia do Norte irá manter uma campanha de pressão militar para obter vantagem nas eleições presidenciais dos Estados Unidos em novembro. O pleito pode selar o retorno à Casa Branca do ex-presidente Donald Trump, que negociou tanto ameaças quanto diplomacia histórica com Kim.
O governo de Joe Biden diz estar aberto a negociações, mas impôs novas sanções à Coreia do Norte, que por sua vez continuou com mais testes de mísseis proibidos pelas Nações Unidas. No início deste mês, Kim supervisionou o lançamento do teste de um novo míssil balístico hipersônico de alcance intermediário usando combustível sólido, o que os analistas disseram que fortaleceria a capacidade de Pyongyang de desenvolver mísseis de forma mais eficaz do que as variantes de combustível líquido.
O regime norte-coreano, por sua vez, acusa os Estados Unidos e a Coreia do Sul de provocar tensões com o que chamou de “manobras de guerra”, já que os aliados vêm fazendo exercícios militares com maior intensidade e escala nos últimos meses.
Foi nesse contexto que Kim visitou nesta quinta a Universidade Militar e Política Kim Jong Il, nomeada em homenagem a seu pai, que morreu em 2011. Segundo a KCNA, trata-se do “mais alto centro de educação militar” do país.