O Congresso do Peru rejeitou nesta quinta-feira (4) duas moções que pediam o início de um processo de impeachment da presidente, Dina Boluarte, em meio a investigação do Ministério Público contra a chefe do Executivo por enriquecimento ilícito.
A apuração da Procuradoria tenta aferir a origem de relógios de luxo da marca Rolex que seriam de Boluarte e não teriam sido declarados. Ela deve ser ouvida pelos promotores ainda nesta semana.
A presidente nega qualquer irregularidade, mas o caso se complicou ainda mais nesta semana quando a investigação se expandiu para depósitos bancários “de origem desconhecida” e outras joias, incluindo uma valiosa pulseira da marca Cartier.
Desde segunda, seis ministros renunciaram e novos foram indicados a compor o gabinete, também aprovado pelo Legislativo. O primeiro-ministro, Gustavo Adrianzén, havia sido apontado para a função depois que seu antecessor, Alberto Otárola, renunciou em meio a escândalo por suposto tráfico de influência no início de março.
A primeira moção com pedido de impeachment foi rejeitada nesta quinta por 49 votos contra, 33 a favor, e 12 abstenções, e a segunda teve destino semelhante com 59 contra, 32 a favor e 11 abstenções.
A aprovação era um cenário improvável, já que parlamentares conservadores e de direita, maioria na Casa e aliados de Boluarte, sinalizaram apoio à presidente, argumentando que buscavam evitar uma grande crise.
Tanto o Congresso quanto Boluarte têm índices de aprovação de apenas 9%, de acordo com uma pesquisa da Ipsos Peru em março. O Congresso já rejeitou duas moções anteriores para destituir a presidente, no início deste ano e em 2023.
Boluarte enfrenta protestos acirrados desde quando assumiu o país em dezembro de 2022, após a destituição de Pedro Castillo por tentativa de fechar o Congresso. Ele foi preso em seguida.
A política peruana é altamente polarizada e a Constituição permite que presidentes sejam destituídos por “incapacidade moral”, uma medida subjetiva usada como base de pedidos de impeachment para destituir vários ex-líderes.
Quase todos os altos funcionários ou ex-presidentes peruanos foram investigados por promotores ou estiveram envolvidos em casos de corrupção nas últimas três décadas.