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Maceió é a 6ª capital com maior desigualdade do país

Curitiba, com 1,73 milhão de habitantes, é a capital menos desigual no país. No mesmo ranking, elaborado pelo Instituto Cidades Sustentáveis, Maceió figura em 21º lugar, ou seja, uma das menos igualitárias. Abaixo da capital alagoana ficam apenas Rio Branco, Manaus, Belém, Recife e Porto Velho, esta última na pior colocação. 

 A classificação é o somatório de pontos a partir dos 40 indicadores sociais analisados no Mapa da Desigualdade entre as Capitais, divulgado nesta terça-feira (26). Entre eles  renda, moradia, saúde, educação e violência, entre outros. Maceió aparece com 428 pontos, 249 pontos a menos que a primeira colocada, que obteve 677 pontos. 

Já as três capitais mais populosas do país (fora Brasília, não considerada pela pesquisa) —São Paulo, Rio de Janeiro e Fortaleza— estão posicionadas, respectivamente, no quinto, no 11º e no 20º lugar. As informações são do Mapa da Desigualdade entre as Capitais, divulgado pelo Instituto Cidades Sustentáveis, nesta terça-feira (26).

O Mapa reúne 40 indicadores de diferentes bases e levantamentos, como o Censo, as diferentes Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua e o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (Snis). grupados de acordo com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (Organização das Nações Unidas). Os dados usados também são de diferentes anos, de acordo com a atualização mais recente entre eles durante a elaboração do estudo.

Ao UOL, os autores do Mapa da Desigualdade veem uma disparidade estrutural na comparação entre as capitais. Para Jorge Abrahão, coordenador-geral do ICS, as políticas públicas no país tentam atacar os problemas de forma pontual, mas raramente conseguem solucionar as causas das desigualdades. 

Ranking classifica capitais menos e mais desiguais no Brasil (Pontos* por capital, excluindo Brasília)

  1. Curitiba – 677

  2. Florianópolis – 672

  3. Belo Horizonte – 615

  4. Palmas – 607

  5. São Paulo – 594

  6. Vitória – 590

  7. Cuiabá – 583

  8. Porto Alegre – 580

  9. Goiânia – 578

  10. Campo Grande – 549

  11. Rio De Janeiro – 548

  12. Natal – 516

  13. Boa Vista – 498

  14. Teresina – 473

  15. Aracaju – 468

  16. João Pessoa – 463

  17. Salvador – 438

  18. Macapá – 435

  19. São Luís – 435

  20. Fortaleza – 431

  21. Maceió – 428

  22. Rio Branco – 424

  23. Manaus – 417

  24. Belém – 393

  25. Recife – 392

  26. Porto Velho – 373

*Cada capital é classificada de 1 a 26 em cada um dos 40 indicadores usados

O ranking mostra que mesmo Curitiba, a capital menos desigual do país, ainda precisa enfrentar desafios como a desnutrição infantil, indicador em que ocupa a 21ª posição, ou a parcela de famílias de baixa renda inscritas no Cadastro Único para programas sociais (24ª).

A cidade também está abaixo da média no ranking em indicadores como taxa de áreas florestadas e naturais, de violência contra a população LGBTQIA+ e de suicídio.
Para Jorge Abrahão, coordenador-geral do Instituto Cidades Sustentáveis e colunista da Folha, o mapa serve como uma provocação para as administrações. “Executivos e Legislativos estão muitas vezes voltados a emergências e urgências, e não conseguem olhar um panorama geral para ver o que ainda precisa ser enfrentado”, diz ele.

“Desnutrição infantil é uma questão de definir orçamento. Já a violência contra a população LGBTQIA+ tem um caráter cultural, exige campanhas.”
A violência relacionada à sexualidade também é um problema em São Paulo. A cidade mais populosa do país, com 11,4 milhões de habitantes tem a segunda taxa mais alta de violência contra a população LGBTQIA+, com 8,3 casos a cada 100 mil habitantes.

A capital paulista é a 25ª colocada em investimento público em infraestrutura por habitante, segundo dados de 2021 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) com R$ 13,18. Em relação à cobertura vacinal, está em 20º lugar. Na última posição do ranking, Porto Velho (com 460 mil habitantes), tem os piores indicadores para feminicídio, população atendida com esgotamento sanitário, recuperação de resíduos sólidos e emissão de CO² per capita.

Mas a capital de Rondônia, por outro lado, está em 10º lugar na lista de PIB (Produto Interno Bruno) per capita, segundo dados de 2020 do IBGE. A capital que lidera no indicador é Vitória (ES), e a última colocada é Salvador (BA). A cidade também é a melhor posicionada no ranking no quesito de taxa de áreas florestadas e naturais. Está na 13ª posição, mas ainda na primeira metade de lista, em relação à taxa de homicídios, segundo dados do DataSUS de 2021, sistema do Ministério da Saúde, com 36,07 casos por 100 mil habitantes, embora o valor ainda seja considerado alto.

A maior taxa foi registrada naquele ano em Macapá (AP), com 62,41 casos por 100 mil habitantes, e a menor, em São Paulo. A responsabilidade por políticas de segurança pública está mais ligada às esferas estaduais, das quais fazem parte as polícias Civil e Militar, e à federal, que tem um papel de financiamento e integração. Mas as cidades precisam, segundo o instituto, avançar na cooperação.

“O conhecimento para enfrentar isso está dado, temos experiências positivas nas cidades brasileiras. Muitas vezes não é investimento elevado, mas direcionamento de política”, afirma Abrahão. Um indicador que exige políticas integradas (saúde, educação, assistência social), por exemplo, é o de idade média ao morrer, segundo o coordenador do instituto. Ele cita que a diferença entre bairros de São Paulo chega a 20 anos.

O problema está ligado à falta de serviços, mas também à gravidez adolescência e à violência que atinge principalmente jovens negros, entre outras questões. “Costumamos dizer à prefeitura [de São Paulo] que a maior obra que se pode fazer é tentar melhorar esse indicador durante uma gestão.”
No país, segundo o mapa, os extremos estão em Belo Horizonte (MG) e Porto Alegre (RS), com 72 anos, e Boa Vista (RR), com 57, segundo o Sistema de Informação sobre Mortalidade, do DataSUS de 2022.

Fonte: TNH1

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