Fechando a cobertura do G20, a imprensa ocidental focou o abandono da Ucrânia pelo próprio Ocidente. No New York Times, “Declaração do G20 omite crítica à Rússia” (abaixo). No londrino Financial Times, “G20 descarta referência a agressão da Rússia ‘contra’ a Ucrânia”.
No texto, o principal jornal americano sublinhou a “retórica muito mais suave do que o habitual sobre a Rússia por parte de Biden, que passou a maior parte destes dois anos gastando bilhões para armar a Ucrânia e queimando capital político interno incalculável para construir apoio à guerra”. Desta vez, “Biden não falou da guerra”.
Mais à frente, “Biden passou a maior parte do tempo cultivando seu relacionamento com Narendra Modi”. E assim, “possivelmente em deferência a Modi, Biden colocou de lado seus temas de democracia.” Ou ainda, “Biden se manteve notadamente afastado das questões de ‘democracia vs. autocracia’ que moldam suas mensagens no exterior”.
O jornal ouviu, do especialista em política externa Ryan Haass: “Biden, como os presidentes anteriores, está tentando trazer a Índia para perto. Está tendo pouco sucesso, mas essa é a natureza da relação”.
Já o FT, principal jornal europeu, de capital japonês, enfatizou que a declaração final se refere só a “guerra na Ucrânia”, deixando para trás a “agressão da Rússia contra a Ucrânia”, da cúpula anterior. “É um golpe para os países ocidentais que passaram o ano tentando convencer países em desenvolvimento a condenar Moscou.”
O jornal diz que, para isso, “a recusa da China em repetir aquela formulação foi crucial”. China que também teria conseguido nesta cúpula, junto com a Arábia Saudita, “bloquear qualquer prazo para a eliminação de combustíveis fósseis”.
Com o abandono ocidental, “após especulação de que as divisões sobre a Ucrânia eram grandes demais para ser superadas”, Modi conseguiu a declaração conjunta do G20, para mostrar aos “eleitores no pleito em que vai buscar o terceiro mandato, no início de 2024”.
BIDEN E O PÁRIA
Na agência de notícias americana Associated Press, “Joe Biden dá um aperto de mão caloroso no príncipe Mohammed” (acima), o mesmo Mohammed bin Salman ou MBS que ele havia prometido, durante sua campanha eleitoral, tornar um “pária”.
Como destacado por Wall Street Journal e outros, foi para viabilizar um “memorando de entendimento” para uma eventual ferrovia unindo Arábia Saudita e Israel e, por mar, também a Europa e a Índia.
Como noticiado há quatro meses pelo site Axios, “Israel levantou a ideia no ano passado” e o assessor de Segurança Nacional de Biden, Jake Sullivan, a ampliou, no dizer do FT, “visando contrastar com a infraestrutura financiada pela Iniciativa Cinturão e Rota da China“.
LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.