Homens armados sequestraram ao menos 87 pessoas, incluindo mulheres e crianças, no estado de Kaduna, na Nigéria. Segundo moradores do vilarejo de Kajuru, no norte do país, o ataque aconteceu na noite de domingo (17).
O porta-voz da polícia de Kaduna, Mansur Hassan, confirmou o sequestro, mas não informou o número de desaparecidos. Tanko Wada Sarkin, uma das autoridades do vilarejo, foi quem apontou o total de 87 levados pelos criminosos.
“Até agora, registramos o retorno de cinco pessoas que fugiram pelo mato. Com esse ataque, chega a cinco o número de vezes que esses bandidos estão atacando essa comunidade”, disse Sarkin à Reuters por telefone.
Várias regiões da Nigéria têm sofrido com sequestros em massa por grupos fundamentalistas e criminosos. Em vilarejos de Kaduna, esta é a terceira vez apenas em março.
Um deles aconteceu na manhã do último dia 7, quando homens armados invadiram uma escola em Kuriga e sequestraram 286 estudantes e funcionários. No dia 12, residente da comunidade de Buda, próxima de Kajuru, relataram a abdução de pelo menos 60 pessoas por homens armados.
Desta vez, segundo os moradores, homens armados vestidos com uniformes do Exército chegaram ao vilarejo sem serem percebidos porque estacionaram suas motocicletas longe do local do ataque.
“Estávamos do lado de fora de nossas casas conversando por volta das 22h30 e de repente os bandidos apareceram, batendo e atirando”, disse Haruna Atiku. Sua esposa e duas filhas estavam entre os desaparecidos.
Aruwa Ya’u, um dos moradores de Kajuru, contou que foi capturado, mas depois liberado pelos homens armados porque tinha dificuldade para andar devido à saúde debilitada.
Os homens armados são conhecidos por forçar suas vítimas a caminharem para o interior da mata, mantendo-as por até meses enquanto aguardam pagamentos de resgate. Frequentes no país mais populoso da África, os sequestros desafiam autoridades, que se mostram impotentes para impedi-los.
Os sequestros destroem famílias e comunidades, que precisam juntar economias para pagar os resgates, muitas vezes vendendo bens valiosos como terras, gado e grãos para garantir a libertação dos capturados.
Os criminosos costumam ter centros de ensino, em particular nas zonas rurais do noroeste da Nigéria, como alvos. O primeiro sequestro em escolas nigerianas foi feito pelo grupo fundamentalista islâmico Boko Haram, que sequestrou mais de 200 estudantes em Chibok, no estado de Borno, em 2014. Desde então, a tática tem sido adotada por diferentes grupos criminosos, não apenas fundamentalistas.
Mais de 3.600 pessoas foram sequestradas na Nigéria em 2023, o que representa o número mais alto em cinco anos, de acordo com o levantamento do Projeto de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos (Acled, na sigla em inglês), um monitor global de conflitos. Cerca de 9.000 nigerianos foram mortos em conflitos no ano passado. Analistas ponderam, porém, que os números estão subnotificados.