A força-tarefa de buscas pelos fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró acredita que a dupla continua na região Oeste do Rio Grande do Norte, entre os municípios de Baraúna e Mossoró, onde o trabalho tem sido concentrado há quase um mês.
A afirmação foi feita pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, em entrevista coletiva na delegacia Polícia Federal de Mossoró, na manhã desta quarta-feira (13), 29º dia de buscas por Deibson Nascimento e Rogério Mendonça.
De acordo com Lewandowski, a operação será mantida na região.
“Tivemos uma reunião com todas as forças que estão trabalhando nas buscas. A operação ao meu juízo é uma operação que está se desenvolvendo até o momento com êxito. Nós temos indícios fortes da presença dos fugitivos na região. Temos hoje uma convicção de que os fugitivos se encontram aqui ainda”, afirmou.
O ministro afirmou que cães conseguiram farejar a presença recente dos fugitivos na zona rural, nesta terça-feira (12). O local fica a cerca de 10 km da cidade de Baraúna e foi vasculhado.
“As forças de segurança foram ao local com cães altamente treinados e esses cães confirmaram a presença em tempo recente desses fugitivos. Nós vamos manter a operação, da forma como ela está sendo levada”, disse.
Segundo Lewandowski, o fato de a dupla ainda permanecer na região comprovaria um “êxito” das ações policiais na região. Ele afirmou que a força-tarefa teria conseguido manter os fugitivos “encurralados”.
“O resultado prático a meu ver é que eles não conseguiram escapar deste perímetro, eles estão cercados. Se não fosse a eficiência das polícias eles já estariam distantes. Embora não tenham sido recapturados eles se mantêm nesse perímetro original”, ponderou.
“Não conseguiram se evadir para outros estados, e por isso essa mobilização continuará ainda por um certo tempo. Temos aproximadamente 500 pessoas envolvidas nas buscas”, disse o ministro.
Lewandowski, no entanto, não detalhou o raio de atuação das equipes. “O perímetro é extenso e variável, mas essa informação é reservada. Nós temos convicções baseadas em indícios de que eles estão nessa região entre Baraúna e a Penitenciária de Mossoró”, pontuou.
Ajuda externa de facção
O ministro ainda confirmou que os presos receberam ajuda externa da facção Comando Vermelho, da qual fazem parte, e que pelo menos sete suspeitos de envolvimento já foram presos. Dois carros também foram apreendidos durante as investigações.
Segundo o ministro, os fugitivos não se deslocaram apenas a pé, durante o cerco. “Estão sim recebendo ajuda de fora, ajuda externa. É isso é o que explica o relativo êxito para escapar desse cerco”, considerou.
Ainda de acordo com o governo federal, a última vez em que os criminosos foram vistos ocorreu no dia 3 de março, em uma fazenda da região, e estavam juntos.
“O que eu posso dizer, talvez alguém pode confirmar isso, é que a visualização que foi feita no dia 3 foi exatamente no sentido de que dois indivíduos, com as características dos fugitivos, foram avistados. Portanto, a última visualização que nós tivemos dos fugitivos é que eles estavam em dupla”, disse.
Custos da operação
Lewandowski também foi questionado sobre os custos da operação, que envolvem mais de 500 agentes federais e estaduais, disse que o gasto é necessário, mas não detalhou os valores envolvidos.
“Nós temos uma ideia do custo dessa operação, que não é um custo baixo, mas o fato é que não podemos deixar a população local desamparada. Então isso justifica o número de agentes de segurança que estão aqui. Enquanto esse risco não se dissipar nós vamos manter esse efetivo”, declarou.
“São valores que fazem parte da PF, PRF, do próprio MJ, e esses valores estão no orçamento e são para serem utilizados nessas operações. Não existe segurança pública, sobretudo em situação de emergência, sem custos elevados”, defendeu.
Ainda segundo o ministro, as forças dos diferentes estados estão sendo mantidas pelos próprios governos estaduais.
Ações nos presídios
Entre as providências para ampliar a segurança dentro das Penitenciária Federal de Mossoró, o ministro citou o afastamento de toda a direção da prisão e o processo para construção de uma muralha no entorno da unidade.
“Estamos fazendo uma correição; nós retomamos ou aperfeiçoamos; tornamos mais rígidos os protocolos que são normalmente levados a efeito nas prisões federais; revistas diárias foram intensificadas; já determinamos a compra de câmeras, de sensores de presença e sensores térmicos. Estamos construindo uma muralha no presídio de Porto Velho e vamos construir a muralha de Mossoró”, afirmou o ministro.
“Todas as medidas de segurança interna foram intensificadas, os pontos frágeis estão sendo corrigidos”, acrescentou. De acordo com ele, mais de 60 agentes penais federais aprovados no último concurso foram convocados e a maioria será destinada a Mossoró.
Segunda visita ao RN
Lewandowski desembarcou no estado por volta das 9h30 para uma reunião com policiais da força-tarefa responsável pelas buscas aos fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró, Deibson Nascimento e Rogério Mendonça.
A primeira fuga da história do sistema penitenciário federal completa um mês nesta quinta-feira (14).
Após o desembarque, o ministro seguiu para a delegacia da Polícia Federal no município, onde se reuniu com os policiais e concedeu entrevista. Em seguida, o ministro anunciou que faria um sobrevoo sobre a área de buscas pelos fugitivos.
Esta é a segunda visita de Lewandowski ao Rio Grande do Norte desde a confirmação da fuga. No dia 18 de fevereiro, quinto dia de buscas, o ministro afirmou que não havia prazo para recaptura dos foragidos.