O presidente da Rússia, Vladimir Putin, comentou a aparência de uma enfermeira que atua na Guerra da Ucrânia em um momento considerado inusitado nesta terça-feira (12). Durante cerimônia no Kremlin, disse que o uniforme militar, que ela vestia, “lhe caía bem”.
Putin participava de uma roda de conversa com alguns vendedores do “Líderes da Rússia”, uma premiação que desde 2017 reconhece figuras que Moscou considera promissoras na nova geração.
A enfermeira Alexandra Rodionova estava entre os selecionados da terceira edição do concurso lançado em 2017 e participou do evento.
“Alguém te disse que você fica muito bem com o uniforme militar?”, perguntou o líder russo antes de responder a perguntas feitas pela profissional. Ao que ela respondeu, rindo: “Você não vai acreditar: todos. Por isso não tenho pressa em tirá-lo”.
Moscovita, ela contou durante a conversa com Putin que, assim que venceu o concurso, foi incorporada ao Ministério da Saúde russo, trabalhando especialmente com setores ligados à infância.
Mais recentemente, com o início da guerra —que, assim como a liderança russa, ela chama de uma “operação militar especial”—, somou-se ao campo de batalha por vontade própria.
Mais especificamente, Rodionova atua na cidade ucraniana de Lisichansk, localizada na região de Lugansk, no Donbass, anexada ilegalmente por Moscou durante o desenrolar da guerra.
Ela inclusive deu a entender que atuou junto a um tema delicado da guerra: as crianças do território ocupado.
O TPI, o Tribunal Penal Internacional com sede em Haia, já emitiu um mandado de prisão contra Putin, acusando-o de permitir a deportação ilegal das crianças ucranianas dessas regiões para a Rússia.
“Desde os primeiros dias do início da operação militar especial, eu supervisei uma série de tarefas e atribuições em novas regiões [em referência às áreas anexadas de forma ilegal], como a implementação da sua ordem sobre o exame aprofundado das crianças que vivem nessas áreas”, disse ela, de acordo com a transcrição de sua fala disponibilizada pelo Kremlin em seu site oficial.
Rodionova também relata que tem dois filhos, um em idade escolar e outro, de 20 anos, na faculdade. Os dois viviam com a avó materna, que recentemente teria morrido. Ela segue distante para poder atuar no serviço de saúde ligado à guerra.