Moradores da zona rural da cidade de Paulista, no Alto Sertão paraibano, estão praticamente ilhados após as chuvas registradas na última semana no município. A passagem molhada que liga a zona urbana à zona rural da cidade ficou alagada após a cheia do Rio Piranhas, que corta o município, impedindo a passagem de carros, motos e pedestres pela região.
Pedro Casimiro é agricultor e mora na zona rural da cidade há mais de 30 anos. Segundo ele, todo ano, quando chove, o local fica impossibilitado de ser atravessado, exceto de canoa. “Todo é ano é de canoa. Mais de 30 anos que eu passo de canoa aqui, já que moro do outro lado do rio. O rio encheu, só passa aqui de canoa”, falou.
Segundo a Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba (Aesa), na última semana a região registrou mais de 70 milímetros de chuva. Com o rio alagado, não só a passagem molhada ficou alagada, mas também bares e restaurantes.
“O rio sobe rápido demais, aí temos que parar tudo e tirar as coisas na maior correria. Com isso o bar fecha e o turismo se acaba, fica tudo parado”, explica o comerciante Laercio Melo, que tem um restaurante no local.
Porém, a preocupação maior dos moradores não é só com a passagem ou com o funcionamento dos estabelecimentos, mas dos estudantes e também das pessoas que moram na zona rural e que precisem de um atendimento médico.
“De dia, tem a canoa, quem tem coragem, se arrisca e passa de boas, mas de noite não tem transporte para o outro lado do rio. Para urgências, de doença, não tem”, explica a servidora pública Renata Batista.
As canoas fazem o trajeto por dentro do rio, levando pessoas e motocicletas. Para o secretário escolar José Laurentino da Silva, a situação é preocupante.
“As canoas são superlotadas de estudantes, muito perigoso, e isso é todo ano. É uma coisa que vem de muitos anos, mas como o município era pequeno e tinha muito menos gente na zona rural, não era tão afetado. Hoje em dia eu acredito que metade da população mora do outro lado do rio”, completa.
O g1 e a equipe de reportagem da TV Cabo Branco entraram em contato com a prefeitura de Paulista para saber sobre a possibilidade de ajustes na região para impedir que a passagem fique submersa nas cheias do rio.
O prefeito da cidade, Valmar Arruda de Oliveira (PL), informou que a obra tem um custo altíssimo, e que o município não tem condições de arcar. Segundo ele, a prefeitura já encaminhou ofícios para o governo do estado, para o governo federal, e também para senadores, para tentar resolver.
Em relação aos estudantes, o prefeito informou que a prefeitura está comprando coletes salva-vidas para que os alunos que moram do outro lado do rio consigam passar nas canoas em segurança.