O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi rápido ao condenar os ataques do grupo terrorista Hamas a civis em Israel, que deu o pontapé à guerra na região em outubro, mas foi adotando um tom cada vez mais crítico à resposta do governo israelense, diante do agravamento da crise humanitária.
Durante as negociações pelo resgate de brasileiros que estavam impedidos de sair da Faixa de Gaza, o chefe do Executivo evitou críticas mais duras e fez telefonemas a autoridades israelenses, numa dura negociação diplomática. Depois, voltou a elevar o tom, até que equiparou a ação de Israel em Gaza ao extermínio de judeus promovido por Adolf Hitler.
7.OUT.2023 – CHAMA ATAQUE EM ISRAEL DE TERRORISMO, MAS NÃO CITA HAMAS
A primeira declaração do presidente sobre o conflito ocorreu no mesmo dia em que o Hamas realizou ataques contra civis em Israel. Lula classificou ato como “terrorismo” nas redes sociais, mas não citou o grupo islâmico extremista Hamas.
“Fiquei chocado com os ataques terroristas realizados hoje contra civis em Israel, que causaram numerosas vítimas. Ao expressar minhas condolências aos familiares das vítimas, reafirmo meu repúdio ao terrorismo em qualquer de suas formas. O Brasil não poupará esforços para evitar a escalada do conflito, inclusive no exercício da Presidência do Conselho de Segurança da ONU”, escreveu o presidente, em sua rede social.
“Conclamo a comunidade internacional a trabalhar para que se retomem imediatamente negociações que conduzam a uma solução ao conflito que garanta a existência de um Estado Palestino economicamente viável, convivendo pacificamente com Israel dentro de fronteiras seguras para ambos os lados”, completou.
20.OUT.2023 – CHAMA HAMAS DE TERRORISTA PELA 1ª VEZ E CLASSIFICA REAÇÃO DE ISRAEL COMO ‘INSANA’
A declaração ocorreu por vídeo, em primeira aparição pública do presidente, desde suas cirurgias no quadril e nas pálpebras, em 29 de setembro. Ele participou remotamente de cerimônia dos 20 anos do Bolsa Família, quando mencionou espontaneamente a guerra e criticou, sobretudo, as mortes de crianças em Gaza.
“Hoje quando o programa [Bolsa Família] completa 20 anos, fico lembrando que 1.500 crianças já morreram na Faixa de Gaza”, afirma Lula em vídeo, em referência ao balanço de 1.524 mortes divulgado pelo Ministério da Saúde de Gaza. “[Crianças] Que não pediram para o Hamas fazer o ato de loucura que fez, de terrorismo, atacando Israel, mas também não pediram que Israel reagisse de forma insana e as matasse. Exatamente aqueles que não têm nada a ver com a guerra, que só querem viver, brincar, que não tiveram direito de ser crianças.”
13.NOV.2023 – EQUIPARA RESPOSTA DE ISRAEL A ATAQUES DE HAMAS
Lula voltou a chamar os ataques do Hamas no sul de Israel de atos de terrorismo, mas acrescentou que “a solução do Estado de Israel é tão grave quanto foi a do Hamas”. “Porque eles [soldados israelenses] estão matando inocentes sem nenhum critério”, seguiu o presidente. “Jogar bomba onde tem criança, onde tem hospital, a pretexto de que o terrorista está lá, [isso] não tem explicação. Primeiro vamos salvar crianças, mulheres, aí depois faz a briga com quem quiser fazer.”
O presidente discursava em cerimônia no Palácio do Planalto para a sanção da lei que atualiza o sistema de cotas. A fala ocorreu quando ele contava sobre as ações que lograram retirar brasileiros que estavam em Gaza neste fim de semana após dias de impasse. O petista disse que as tratativas foram difíceis e envolveram diferentes fatores, entre eles a “boa vontade de Israel”.
21.NOV.2023 – DIZ QUE GUERRA É CONSEQUÊNCIA DA FALTA DE LAR SEGURO DOS PALESTINOS
As declarações foram feitas durante reunião extraordinária da cúpula do Brics para tratar da situação na Faixa de Gaza. “O reconhecimento de um Estado palestino viável, vivendo lado a lado com Israel, com fronteiras seguras e mutuamente reconhecidas, é a única solução possível. Precisamos retomar com a maior brevidade possível o processo de paz entre Israel e Palestina“, afirmou.
O petista acrescentou que é fundamental acompanhar também a situação na Cisjordânia, onde, segundo ele, colonos israelenses impõem ainda mais obstáculos à autonomia palestina ao continuar a expandir seus assentamentos. E manifestou preocupação com a possibilidade de que a guerra se espalhe pelo Oriente Médio.
14.NOV.2023 – ACUSA ISRAEL DE QUERER OCUPAR GAZA
Lula disse ter a percepção de que Israel usa os bombardeios para expulsar os palestinos e, assim, ocupar o território. Ele ainda disse ser inadmissível que não haja solução para o conflito no Oriente Médio. Também voltou a pedir a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas).
“É preciso que a ONU convoque alguma coisa especial porque essa guerra, do jeito que vai, ela não tem fim. Estou percebendo que Israel parece que quer ocupar a Faixa de Gaza e expulsar os palestinos de lá. Isso não é correto, não é justo. Nós temos que garantir a criação do Estado palestino para que eles possam viver em paz junto com o povo judeu”, afirmou o presidente, em sua tradicional transmissão semanal na internet, o Conversa com o Presidente.
O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, já mencionou em mais de uma ocasião a intenção de ocupar Gaza. Diante da repercussão negativa, chegou a recuar da afirmação, mas depois a reiterou.
1.DEZ.2023 – NETANYAHU É EXTREMISTA E FALTOU SENSIBILIDADE DE BIDEN
Durante seu giro pelo Oriente Médio no qual passou por Arábia Saudita, o presidente criticou o premiê de Israel por sua condução da guerra, disse que faltou sensibilidade a Joe Biden por não ter trabalhado para impedir o conflito.
As declarações do petista se deram durante entrevista em vídeo à rede qatari Al Jazeera. Lula voltou a afirmar que o conflito Israel-Hamas que se desenrola em Gaza “não é uma guerra tradicional, mas um genocídio que mata milhares de crianças e mulheres que não têm culpa alguma”.
“Como governante, ele [Netanyahu] é uma pessoa muito extremista, de extrema direita e com sensibilidade baixa em relação aos problemas do povo palestino”, disse. “Ele pensa que os palestinos são pessoas de terceira ou quarta classe”, completou.
13.DEZ.2023 – CONTINUARÁ TRABALHANDO POR CESSAR-FOGO PERMANENTE
Durante reunião conjunta de sherpas (representantes diplomáticos), vice-ministros das Finanças e vice-presidentes de Bancos Centrais do G20, no Itamaraty, em Brasília, Lula disse que o Brasil está de luto pela guerra no Oriente Médio e continuará trabalhando por um cessar-fogo permanente entre Israel e o grupo terrorista Hamas.
“O Brasil segue de luto com o trágico conflito entre Israel e Palestina. A violação cotidiana do direito humanitário é chocante e resulta em milhares de civis inocentes, sobretudo mulheres e crianças”, afirmou.
“O Brasil continuará trabalhando por um cessar-fogo permanente que permita a entrada da ajuda humanitária em Gaza e pela libertação imediata de todos os reféns pelo Hamas.” A fala ocorreu dois depois depois de Lula receber no Planalto a família de Michel Nisenbaum, 59, brasileiro-israelense que estaria entre os reféns do grupo terrorista em Gaza.
25.DEZ.2023 – SE ENCONTRA COM REPATRIADOS DE GAZA E VOLTA A DEFENDER CRIAÇÃO DO ESTADO PALESTINO
Em discurso durante evento na base da Força Aérea em Brasília com repatriados de Gaza, Lula voltou a defender a criação de um Estado palestino como solução para o histórico de conflitos. O presidente também disse que a destruição e as mortes de civis que estão ocorrendo na guerra Israel-Hamas são inaceitáveis.
“Quero dizer para vocês que não é humanamente possível aceitar o que está acontecendo na Faixa de Gaza. Não é possível [aceitar] a morte de tantas mulheres e crianças, a destruição de todo o patrimônio que foi construído pelo povo palestino”, afirmou Lula.
“Vocês sabem que nós, cristãos, comemoramos hoje o nascimento de Jesus Cristo. Hoje é um dia de muita confraternização e eu quero que vocês tenham um almoço muito tranquilo, e nós vamos continuar cuidando de vocês da melhor forma possível. Não percam esperança na paz e tenham certeza que o Brasil é um lugar onde judeus e palestinos vivem em completa harmonia”, disse.
18.FEV.2024 – COMPARA AÇÃO DE ISRAEL EM GAZA À DE HITLER CONTRA JUDEUS
Durante entrevista coletiva em viagem à África, Lula disse que as ações militares de Israel na Faixa de Gaza configuram um genocídio e ainda fez um paralelo com o extermínio de judeus promovido por Adolf Hitler. A declaração abriu uma nova crise diplomática com o governo israelense, que chegou a convocar o embaixador brasileiro em Tel Aviv para prestar esclarecimentos.
“Sabe, o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino, não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”, afirmou Lula na Etiópia.