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Justiça do Paquistão condena ex-premiê por casamento ilegal em terceira sentença contra ele em dias – 03/02/2024 – Mundo

O ex-primeiro-ministro do Paquistão, Imran Khan, e sua esposa Bushra Khan foram condenados a sete anos de prisão e multados no sábado (3) por um tribunal que considerou ilegal seu casamento, realizado em 2018.

Foi a terceira sentença contra Khan nesta semana e ocorre antes das eleições nacionais de quinta-feira (8), nas quais ele está impedido de concorrer.

Khan, 71 anos, foi condenado nos últimos dias a 10 anos por vazar informações sigilosas e a 14 anos, juntamente com sua esposa, por vender ilegalmente presentes do estado que recebeu no período em que esteve à frente do governo.

Seus advogados afirmaram que ele vai recorrer nos três casos.

Não ficou claro se as várias sentenças seriam cumpridas simultaneamente.

Khan está preso em uma penitenciária de segurança máxima na cidade de Rawalpindi desde o ano passado, por outra condenação, e sua esposa cumprirá sua sentença em sua mansão Islamabad. Ele já está impedido por 10 anos de ocupar cargos públicos.

“(Foi condenado) após horas de audiências apressadas no tribunal, sem questionamento de testemunhas e sem o devido processo – uma zombaria da lei”, disse o partido de Khan, o PTI (Movimento Paquistanês pela Justiça, em português), em comunicado. “Do jeito que esses julgamentos estão sendo conduzidos, haverá um grande ponto de interrogação sobre as eleições de 8 de fevereiro. Este caso é um teste para os tribunais superiores do Paquistão”, disse o PTI, que acusa a Justiça de perseguição política.

O casal foi multado em 500.000 rúpias ($1.800), segundo a ARY News. Bushra foi acusada de não cumprir o período de espera exigido pelo Islã, chamado “Iddat”, após se divorciar de seu marido anterior e se casar com Khan.

Os Khans assinaram seu contrato de casamento, ou “Nikkah”, em janeiro de 2018 em uma cerimônia secreta, sete meses antes de o ex-astro do críquete se tornar primeiro-ministro pela primeira vez.

Houve controvérsia sobre a possibilidade de eles terem se casado antes do término do período de espera. Após negarem inicialmente, o PTI confirmou o matrimônio semanas depois.

Os Khans negaram qualquer irregularidade. “Posso dizer que sou testemunha do Nikkah e é categoricamente mais um caso falso”, disse o assessor de mídia de Khan, Zulfi Bukhari, à Reuters. “Desde as testemunhas até as evidências e o procedimento.”

DENÚNCIA CRIMINAL

O ex-marido de Bushra, Khawar Maneka, com quem ela foi casada por cerca de 30 anos, apresentou uma denúncia criminal contra os Khans.

Khan frequentemente chama Bushra de sua líder espiritual. Ela é conhecida por sua devoção ao sufismo, uma forma mística do Islã.

Nascida Bushra Riaz Watto, ela mudou seu nome para Khan após o casamento. Seu marido e seguidores comumente se referem a ela como Bushra Bibi ou Bushra Begum, títulos que denotam respeito em urdu. Não ficou claro quando ou como Khan conheceu Bushra, mas o ex-assessor Aun Chaudhry disse que Khan ficou impressionado com sua espiritualidade.

Khan, que ganhou uma imagem de playboy nos anos 90, quando sua carreira no críquete decolou, disse que está profundamente interessado no sufismo.

Os dois casamentos anteriores de Khan – com Jemima Goldsmith, filha do magnata James Goldsmith, e com a jornalista de televisão Reham Nayyar Khan – terminaram em divórcio.

Khan tem lutado contra dezenas de processos desde que foi destituído do poder em uma moção parlamentar de desconfiança em 2022. Ele afirma que seu afastamento foi apoiado por militares poderosos com quem ele se desentendeu enquanto estava no cargo.

Ele e seu partido afirmam ter sido alvo de uma perseguição patrocinada por militares, que levou à prisão de centenas de apoiadores, membros do partido e principais assessores.

Os militares, que há décadas exercem influência sobre a política do Paquistão, negam as alegações.

A NAB, a agência de combate à corrupção que levou Khan a julgamento, investigou, processou e prendeu todos os primeiros-ministros que serviram desde 2008, incluindo Nawaz Sharif, cujo partido é considerado o favorito nas eleições da próxima semana.

No caso da venda de presentes, Khan e a esposa foram acusados de vender mimos avaliados em mais de US$ 500 mil (R$ 2,4 milhões) em Dubai. Os itens teriam sido recebidos de 2018 a 2022, quando ele ocupava o cargo de premiê.

Segundo a acusação, a lista de presentes inclui perfumes, joias com diamantes, jogos de louça, sete relógios —seis dos quais da marca Rolex—, entre outros produtos de luxo. Somente um dos relógios, disse a promotoria, é avaliado em cerca de US$ 300 mil (R$ 1,48 milhão).

No caso do vazamento de informações secretas, o ex-premiê foi considerado responsável por divulgar o conteúdo de um telegrama secreto enviado ao governo de Islamabad pelo embaixador do Paquistão em Washington. O político defende que o material já tinha aparecido na imprensa por outras fontes antes de ele citá-lo.

Os advogados de Khan esperavam obter a soltura do político em breve. Mas as condenações recentes tornam isso improvável.

Khan vem enfrentando dezenas de processos na Justiça desde que foi destituído pelo Parlamento, em abril de 2022.

Em novembro de 2022, o ex-premiê foi baleado durante um protesto em que exigia eleições antecipadas. O ato fazia parte de sua “longa marcha” que partiu de Lahore em direção a Islamabad —à medida que o comboio passava por cidades e vilarejos, ele subia em um palanque improvisado em cima de um caminhão para discursar para multidões. Apoiadores dizem que o episódio foi uma tentativa de assassinato articulada pela oposição.

Fonte: Folha de São Paulo

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