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Ocorrências de crimes de ódio em ensino americano cresce – 31/01/2024 – Mundo

O número de crimes de ódio relatados em escolas e faculdades quase dobrou entre 2018 e 2022, de acordo com dados divulgados na última segunda-feira (29) pelo FBI, a polícia federal americana.

Cerca de 1.300 crimes de ódio foram relatados em escolas primárias, escolas secundárias e faculdades em 2022, em comparação com 700 em 2018 –um aumento de cerca de 90%, segundo o relatório, que é, inclusive, o primeiro sobre o assunto emitido pelo governo federal.

Os afro-americanos foram as vítimas mais frequentes, com um total de 1.690 crimes de ódio relatados contra eles ao longo do período de cinco anos. Em segundo ficaram as pessoas LGBTQIA+, com 900 crimes, e, em terceiro lugar, os judeus americanos, com 745 crimes. As estatísticas contabilizam crimes contra estudantes ou outras pessoas dentro de prédios escolares e campi.

Embora as autoridades do FBI não tenham dado uma explicação para o aumento dos números de ocorrências de crimes de ódio, o sistema educacional do país passou por um alto grau de politização durante o período abrangido pelo relatório.

Após o assassinato de George Floyd em 2020, um movimento nacional chamou a atenção para o racismo em todos os aspectos da vida americana, incluindo as escolas, o que pode ter levado a um aumento nas denúncias. Em contrapartida, também houve uma forte reação a esse movimento, o que pode ter motivado alguns crimes de ódio.

O período abrangido pelos novos dados termina em 2022; mesmo assim, é de grande interesse para muitos educadores e formuladores de políticas que estão analisando como a guerra entre Israel e o Hamas abalou os sistemas escolares do país. Desde o início do conflito, em outubro, houve um crescimento dos relatos de preconceito nas escolas contra estudantes judeus, árabes e muçulmanos Organizações como o Conselho de Relações Americano-Islâmicas e a Liga Antidifamação, um grupo judaico, pediram ação das autoridades.

O novo relatório lista um total de 71 crimes de ódio contra muçulmanos e 32 crimes de ódio contra árabes ocorridos em escolas entre 2018 e 2022.

No geral, muitos especialistas em crimes acreditam que os crimes de ódio são subnotificados pelas vítimas. E nos últimos anos, alguns departamentos de polícia não relataram seus próprios dados de crimes de ódio ao FBI, o que torna provável que as cifras nacionais estejam subestimadas.

O tipo mais frequente de crime de ódio relatado nas escolas foi a intimidação, que o governo federal define como causar ilegalmente a outro indivíduo o medo de sofrer danos corporais, por meio do uso de palavras ou outras ações ameaçadoras.

Quase tão comum quanto a intimidação foi o vandalismo ou a destruição de propriedade, que pode levar em conta pichações com símbolos ou palavras de ódio. O terceiro crime mais comum foi a agressão simples, considerada um ataque físico sem arma e no qual a vítima não sofre ferimentos graves.

Em 2022, pelo menos um terço das faculdades historicamente negras do país receberam ameaças de bomba, segundo o FBI.

Mais crimes de ódio foram relatados em escolas primárias e secundárias do que em faculdades e universidades. O número de crimes relatados diminuiu em 2020, durante o pior da pandemia de Covid-19, quando a maioria das escolas fechou, e depois aumentou significativamente, ultrapassando os números pré-pandêmicos até 2022. Mesmo assim, crianças e jovens adultos tinham uma maior probabilidade de sofrer crimes de ódio fora da escola do que em escolas e faculdades.

O aumento de 90% nos crimes de ódio nas escolas pareceu superar o aumento geral dos crimes de ódio em termos nacionais no mesmo período. Cerca de 13,3 mil crimes de ódio foram relatados em 2022, em comparação com 8.500 em 2018, um aumento de cerca de 60%. Fora das escolas, os grupos mais frequentemente vitimados foram os mesmos das escolas: afro-americanos, pessoas LGBTQIA+ e judeus americanos.

Fonte: Folha de São Paulo

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