A Belarus, aliado mais próximo da Rússia na Europa, afirmou nesta sexta-feira (1º) que a Polônia violou seu espaço aéreo. Segundo a Comissão Estatal de Fronteiras de Minsk, um helicóptero militar polonês Mi-24 cruzou a fronteira em baixa altitude, voou até 1.200 metros e voltou —acusação negada pelo país vizinho.
O Ministério das Relações Exteriores da Belarus disse em nota ter convocado um diplomata polonês para prestar esclarecimentos sobre a “natureza inadmissível dessa violação” e pedir medidas de prevenção. “Foram exigidas explicações adequadas do lado polonês e a realização de uma investigação minuciosa”, afirmou a pasta. O incidente teria ocorrido na região de Grodno, no oeste do país.
A Polônia, porém, nega que a violação tenha ocorrido. “São mentiras e provocações do lado belorusso”, disse o tenente-coronel Jacek Goryszewski, porta-voz do comando operacional militar polonês, em Varsóvia. “Nenhum dos helicópteros poloneses cruzou a fronteira para a Belarus. Tal cruzamento não poderia ter acontecido e não aconteceu. Nossos sistemas de radar são inequívocos.”
Já o vice-ministro de Relações Exteriores polonês, Pawel Jablonski, disse à emissora privada Polsat que analisará a situação “com precaução”. “Esses serviços são uma extensão direta do regime de [Aleksandr] Lukachenko”, disse, em referência ao político conhecido como “o último ditador da Europa“.
A desgastada relação entre a Polônia e a Belarus se deteriorou ainda mais nas últimas semanas. Na segunda-feira (28), Polônia, países bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia), aliados da Ucrânia e membros da Otan exigiram que a Belarus expulsasse “imediatamente” o grupo mercenário russo Wagner de seu território sob a justificativa de que os paramilitares são uma ameaça à segurança. Lukachenko, porém, classificou o pedido de “estúpido”.
Milhares de combatentes do grupo foram para o país após a rebelião fracassada em junho contra a cúpula da Defesa da Rússia. De acordo com o governo, os mercenários participaram do treinamento de soldados belorussos. Após a recente morte do chefe e fundador do Wagner, Ievguêni Prigojin, em um acidente de avião na Rússia, Lukachenko disse que gostaria de manter até 10 mil homens do grupo em seu país.