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Entenda o mundo em 2023 com livros, séries e filmes – 31/12/2023 – Mundo

O massacre do Hamas e a resposta brutal de Israel; o segundo ano da invasão russa à Ucrânia em um conflito sem solução à vista; e ameaças da Venezuela à Guiana que provocaram temor de embates na América do Sul moveram peças no xadrez geopolítico global e fizeram o noticiário mais sombrio em 2023.

Para ajudar a entender a complexidade dos acontecimentos, repórteres e colaboradores da Folha selecionaram livros, filmes, séries e podcasts sobre os conflitos e outros temas marcantes no mundo, incluindo a eleição de Javier Milei na Argentina, a crise de opioides nos Estados Unidos e os avanços da tecnologia com impactos em uma escala global. Veja as recomendações abaixo:


Livros

‘Detalhe Menor’, de Adania Shibli

Editora: Todavia; R$ 59,90; 112 págs.

O romance começa descrevendo um episódio brutal ocorrido no deserto de Negev em 1949, em meio às tentativas de Israel de consolidar seu território depois das guerras que sucederam sua criação. Mas o estilo direto do texto é de súbito substituído pelo caos mental de uma mulher na Cisjordânia ocupada que fica obcecada com o incidente décadas depois e decide investigá-lo. A desorientação que ela sente ao dirigir pelas estradas da antiga Palestina, agora lotada de placas em hebraico, oferece uma janela para entender o sentimento de expropriação partilhado por muitos palestinos. (Clara Balbi)

‘Gaza, Terra da Poesia’

Editora: Tabla; R$ 31,90; 120 págs.

O livro reúne poesias de 17 palestinos nascidos na Faixa de Gaza. Publicado antes do atual conflito entre Israel e o Hamas, o compilado traz relatos do cotidiano e expressa angústia e medo dos poetas que já lidavam com bombardeios e vivenciavam as dores de uma terra castigada. (Renan Marra)

‘El Loco’, de Juan Luis González

Editora: Planeta de Libros; R$ 58 (ebook); 240 págs;

A biografia de Javier Milei ganhou fama ao descrever as muitas excentricidades do atual presidente da Argentina, incluindo suas experiências mediúnicas envolvendo seu amado cão Conan. Agora que o ultraliberal chegou ao poder, deve chamar mais a atenção o restante da investigação do jornalista argentino Juan Luis González sobre as supostas ligações do político com o peronismo que diz combater e com o empresário Eduardo Eurnekian. Em espanhol. (Clara Balbi)

‘Killing Thatcher’, de Rory Carroll

Editora: Mudlark; R$ 66,75; 416 págs.

Em 1984, o IRA colocou uma bomba no hotel em que a cúpula do governo britânico estava hospedada para uma conferência, na cidade inglesa de Brighton. A ação ousada ficou a literalmente centímetros de matar a premiê, Margaret Thatcher. O livro reconstrói o atentado em detalhes e faz um ótimo histórico do conflito na Irlanda do Norte. Em inglês. (Fábio Zanini)

‘Fascismo e Populismo – Mussolini Oggi’, de Antonio Scurati

Editora: Bompiani; € 7,99 (ebook); 96 págs.

A Itália tenta há cem anos entender o fascismo e, recentemente, Antonio Scurati deu novo fôlego à prática. Autor da série “M” (no Brasil, publicada pela Intrínseca), ele faz uma pausa no romance histórico para identificar as semelhanças nos dias de hoje com o fenômeno do século 20. “Os populistas europeus e americanos descendem não do Mussolini fundador do partido fascista, mas do Mussolini que foi o primeiro a intuir os mecanismos da sedução política na sociedade de massa”, disse. Em italiano. (Michele Oliveira)

‘A Incrível História de António Salazar, o Ditador Que Morreu Duas Vezes’, de Marco Ferrari

Editora: Todavia; R$ 53,70; 208 págs.

Já no clima das comemorações dos 50 anos da Revolução dos Cravos, que serão celebrados em abril de 2024, a obra disseca os dois anos finais da vida do mais conhecido ditador português. Impedido de governar após um acidente doméstico em 1968, António Salazar jamais soube que foi alijado do poder. Seu círculo mais próximo montou uma operação para fazê-lo acreditar que seguia no comando de Portugal. Os esforços incluíam até cópias de uma edição fictícia de jornal. (Giuliana Miranda)

‘A Angústia do Precariado: Trabalho e Solidariedade no Capitalismo Racial’, de Ruy Braga

Editora: Boitempo; R$ 73; 288 págs.

Ruy Braga, sociólogo e professor da USP, volta os olhos para os Estados Unidos, mais especificamente para o estado da Pensilvânia, duramente atingido pela crise econômica, pelo processo de desindustrialização e pela epidemia dos opioides. A região teve grande peso na eleição de Donald Trump, em 2016. Num trabalho de campo de 14 meses, Braga entrevistou trabalhadores brancos para matizar a visão de que esse grupo, movido pelo ressentimento, apoiou a ascensão da extrema direita no país. São homens e mulheres com empregos precários que viram —e veem— a degradação de suas comunidades, às quais se sentem muito ligados. Eis a angústia do chamado “precariado”. (Bruno Lee)

‘Poverty, by America’, de Matthew Desmond

Editora: Crown, R$ 85; 304 págs.

O sociólogo, vencedor do Pulitzer pela obra “Evicted”, parte de uma pergunta simples: por que os EUA, o país mais rico do mundo, convivem ao mesmo tempo com tanta pobreza? Desmond argumenta que boa parte dos recursos governamentais subsidia não aqueles que mais precisam, via isenções de impostos, por exemplo, enquanto os realmente vulneráveis têm pouco a que recorrer. Em um momento em que os americanos se veem diante de um número crescente de pessoas morando nas ruas, às vésperas de irem às urnas em uma eleição histórica, a questão é pertinente. Em inglês. (Fernanda Perrin)

‘Fear Is Just a Word: A Missing Daughter, a Violent Cartel, and a Mother’s Quest for Vengeance’, de Azam Ahmed

Editora: Random House; R$ 79 (ebook); 359 págs.

O livro expande reportagem publicada no The New York Times e conta a história de Miriam Rodríguez, 65. Após sua filha ser assassinada, ela sai à caça para prender os responsáveis —dada a ineficácia da polícia. Ao mostrar a influência dos cartéis na sociedade mexicana, a obra serve como aviso do que acontece quando organizações criminosas assumem o papel do Estado. Em inglês. (Bruno Benevides)

‘Moçambique com Z de Zarolho’, de Manuel Mutimucuio

Editora: Dublinense; R$ 50; 126 págs.

Este romance retrata Moçambique a partir de várias perspectivas. Uma delas é o ponto de vista do que o autor chama de “extremo do privilégio”, uma elite de Maputo que, logo no início da história, aplaude a decisão do Parlamento de tornar o inglês a língua oficial da nação. Ao apresentar um recorte da vida do país africano, entre o realismo e a sátira, Mutimucuio acaba, por tabela, comentando os contrastes culturais e linguísticos em países emergentes, como o Brasil. (Naief Haddad)

‘Ralentir ou périr: L’économie de la décroissance’, de Timothée Parrique

Editora: Seuil; R$ 107; 320 págs.

O livro trata da ideia de economia verde como uma falácia e prega o decrescimento econômico –uma redução temporária e planejada da produção e do consumo nas regiões de alta renda do mundo– como forma de reduzir as pressões ambientais que provocaram a aceleração da crise climática prevista pela ciência. O economista e ecologista francês Timothée Parrique questiona a utilização do PIB como métrica de progresso e trata como ilusão as projeções de crescimento econômico que desconsideram o colapso dos ecossistemas capazes de sustentá-lo. Em francês. (Fernanda Mena)

‘The Earth Transformed: An Untold History’, de Peter Frankopan

Editora: Bloomsbury Publishing, R$ 59,90 (ebook); 704 págs.

Qual a relação entre batatas, tomates, Cleópatra, Gengis Khan, enchentes e o aquecimento global? O livro trata desses, e de outros assuntos, para mostrar como o clima moldou a sociedade humana ao longo dos séculos —e o que fazer para evitar uma catástrofe em um futuro próximo. Em inglês. (Bruno Benevides)

‘A Máquina do Caos’, de Max Fisher

Editora: Todavia; R$ 99,90; 512 págs.

Provavelmente a narrativa mais completa sobre a ascensão das big techs, compreendendo desde as maquinações empresariais que brotaram do Vale do Silício até as estratégias que os aplicativos arquitetaram para viciar e reprogramar nosso comportamento. Leitura essencial —e saudavelmente alarmante— num tempo em que o mundo inteiro fica na palma da nossa mão. (Walter Porto)

‘Avidly Reads Screen Time’, de Phillip Maciak

Editora: NYU Press; R$ 72 (ebook); 153 págs.

É de como nos tornamos criaturas feitas de telas que este livro-ensaio do acadêmico e crítico Phillip Maciak trata, e da sensação ruim que temos quando nosso “tempo de tela” passa do limite do que seria “aceitável”. Depois de dois anos de isolamento na pandemia, em que muitos de nós implodimos nossos limites de tempo de tela, a leitura traz algum alento: ninguém sabe o quanto é muito e todo mundo se sente um pouco mal com isso. Em inglês. (Beatriz Izumino)

‘The Wager: A Tale of Shipwreck, Mutiny and Murder’, de David Grann

Editora: Random House Large Print Publishing; R$ 114; 528 págs.

Ainda não lançado no Brasil, o livro é do mesmo autor de “Assassinos da Lua das Flores” e faz uma imersão na era da dominação britânica nos mares ao recontar a história de um navio naufragado na Patagônia do século 18. Em inglês. (Igor Gielow)


Podcast

‘Manual de Sobrevivência’

Disponível em todas as plataformas de podcast; 4 episódios

Desde o começo da invasão russa, há quase dois anos, milhões de ucranianos já buscaram refúgio em outros países europeus. A jornalista Iriina Shev fez o caminho contrário: deixou o posto de apresentadora de televisão em Lisboa e mudou-se de volta para a Ucrânia, de onde saíra aos 10 anos, no começo dos anos 2000. No podcast, ela conta, em português de Portugal, o frágil equilíbrio entre a rotina da população e as dificuldades impostas pela guerra. (Giuliana Miranda)

‘The Empty Grave of Comrade Bishop’

Disponível em todas as plataformas de podcast e no site do jornal The Washington Post; 7 episódios

A jornalista Martine Powers investiga uma ferida aberta na história da ilha caribenha de Granada: a execução do líder revolucionário Maurice Bishop e sete integrantes de seu governo, em 1983. O paradeiro dos corpos é um mistério. A ascensão de Bishop ao poder, um líder negro e socialista, era um incômodo para os EUA, em especial pelo receio de que servisse de influência ideológica para os milhões de negros americanos. Esta é uma história sobre as tensões e paranoias da Guerra Fria, na qual a jornalista investiga a influência de Washington nos rumos do país caribenho. Em inglês. (Maurício Meireles)

‘DNA: ID’

Disponível em todas as plataformas de podcast; 132 episódios

Na última década, o avanço da tecnologia de reconhecimento de pessoas pelo DNA encontrado em digitais e fluidos do corpo humano passou a permitir que crimes não resolvidos de décadas passadas tivessem solução. O podcast americano cobre esse tipo de caso e mostra como assassinos agora com 70 anos ou mais, que estavam livres, foram finalmente presos. Ao narrar a solução desses casos, o programa restaura a dignidade das vítimas, quase todas mulheres. Em inglês. (João Perassolo)

‘El Hilo’

Disponível em todas as plataformas de podcast; episódio publicado em 6 de outubro

Episódio destrincha a relação entre um pai peronista e um filho simpatizante do agora presidente da Argentina, Javier Milei. Ouvir os argumentos de cada um e acompanhar as discussões deles ajuda a entender a história recente do país vizinho e a encruzilhada em que a nação se encontra —além de ser um retrato semelhante ao da polarização que divide famílias no Brasil. Em espanhol. (Daniela Arcanjo)

Sin Control. El universo de Javier Milei

Disponível em todas as plataformas de podcast e no site do El País; 4 episódios

Em quatro episódios, a coprodução de Anfibia Podcast e El País ajuda a entender o fenômeno que varreu a política argentina. Em um espanhol bastante amigável a ouvidos brasileiros, o podcast narra a personalidade calculadamente irascível do novo presidente. Para além do muito que já se perfilou sobre Milei na época da eleição, sabe-se mais sobre, por exemplo, a absoluta ausência de amigos próximos —a lembrar o valor que conselhos podem ter. E, tratando das pitorescas ligações caninas do político, também sobre um acidente doméstico e de alta carga de ironia com os superlativos cães. (Editoria de podcast)

The Retrievals e The Kids of Rutherford County

Disponível em todas as plataformas de podcast; 5 e 4 episódios, respectivamente

Dois dos podcasts deste ano da Serial Productions, em parceria com The New York Times, dissecam cruezas candentes na sociedade americana —das quais não é difícil traçar paralelos que levem à realidade brasileira. Um conta o caso de uma enfermeira de um importante centro de fertilidade que trocou o anestésico de pacientes por uma solução salina, de modo a aliviar a própria dor. Outro explica como uma juíza fez explodir o número de detenções infantojuvenis em um condado no Tennessee num intrincado jogo de poder e (por que não dizer?) justiçamento. Ambos em inglês. (Editoria de podcast)

Revisionist History: Guns

Disponível em todas as plataformas de podcast; 137 episódios

A ideia do podcast é sempre revisitar traumas recentes na história dos EUA, numa reconstrução que põe em perspectiva a ordem dos fatores. As seis partes sobre a cultura das armas revisitam figuras históricas importantes para que esse fascínio se consolidasse no país, recontam fatos históricos em que a discussão sobre o acesso a armamento esquentou, falam da representação cultural das armas e do que essa discussão significa em um contexto de desigualdade. Em inglês. (Editoria de podcast)

‘Science Vs.’

Disponível em todas as plataformas de podcast; 241 episódios

Entrevistando cientistas e lendo artigos acadêmicos, a equipe de Science Vs. faz o trabalho duro de explicar com clareza o que a ciência de fato sabe e o que não sabe de um sem número de assuntos, da confiabilidade de testes de personalidade aos efeitos do controle da posse de armas, de vacinas contra a Covid a técnicas de emagrecimento, de orgasmos a ornitorrincos. Em inglês. (Beatriz Izumino)


Séries

‘Império da Dor’

Direção: Micah Fitzerman-Blue e Noah Harpster; 6 episódios; disponível na Netflix

Revela os motores da atual crise de consumo de opióides nos EUA, que provoca cerca de 100 mil mortes por overdose ao ano no país. Baseada em livro-reportagem de mesmo título, a série aponta a família Sackler, dona da Purdue Pharma, como responsável por utilizar uma estratégia de marketing agressiva para inundar o mercado americano com uma medicação para dor, o OxyContin, capaz de causar forte dependência. Parentes de vítimas reais dessa tragédia abrem cada um dos episódios, que evidenciam as dificuldades que os sistemas de Justiça enfrentam para responsabilizar corporações. (Fernanda Mena)

‘Succession’

Direção: Mark Mylod, Becky Martin, Lorene Scafaria, Andrij Parekh, Shari Springer Berman e Robert Pulcini; 39 episódios; disponível na HBO

A série criada por Jesse Armstrong, que chegou ao fim em sua melhor forma, explica pela ficção certos traços fundamentais da contemporaneidade: o conflito entre mídias novas e tradicionais, a interferência da elite financeira sobre as eleições, o efeito de negociatas de bastidores sobre o futuro da democracia. Também funciona como demonstrativo de como opera a fruição da cultura hoje —não houve experiência coletiva mais impactante do que o episódio em que testemunhamos uma morte ficcional como se estivéssemos assistindo ao noticiário mais tenso do ano. (Walter Porto)


Filmes

‘Golda: A Mulher de uma Nação’

Direção: Guy Nattiv; 100 min; disponível no Prime Video

O filme sobre a primeira-ministra israelense Golda Meir (1898-1978) desponta como ferramenta relevante na compreensão da guerra entre Israel e o Hamas. A obra destrincha o ataque egípcio e sírio, em 1973, ao Estado judeu. À época, inimigos empenhados na eliminação de Israel recorriam à guerra simétrica, ou seja, forças armadas regulares se enfrentando no campo de batalha. O Hamas e aliados optaram, nas últimas décadas, por outra estratégia, a de arrastar tropas israelenses para enfrentamentos em áreas povoadas. A obra auxilia na análise das mudanças na realidade médio-oriental. (Jaime Spitzcovsky)

‘Oppenheimer’

Direção: Christopher Nolan; 180 min; disponível para aluguel no Prime Video, Google Play e YouTube

Cinebio do pai da bomba atômica comete algumas liberdades poéticas com a história, mas costura um fascinante tecido entrelaçando avanço científico e decisões políticas. (Igor Gielow)

‘Assassinos da Lua das Flores’

Direção: Martin Scorsese; 206 min; disponível para aluguel no Prime Video, Google Play e YouTube

Não bastava esta ser uma história de arrepiar. Aqui, ela é transformada em cinema de forma estupenda por Martin Scorsese, numa adaptação do livro de mesmo nome. O enrosco é o seguinte: no começo do século 20, depois de dizimada, a nação indígena osage ficou restrita a uma reserva. Até que começa a jorrar petróleo ali. Os osage prosperam, e os brancos vivem como uma classe parasitária ao redor deles. Mas uma conspiração se arma para casar homens brancos com mulheres indígenas, que serão mortas para que o patrimônio dos osage possa ser usurpado. Um filme ótimo não só porque ajuda a ver sem romantismo a maior democracia do mundo, mas também porque é cinemão mesmo. (Maurício Meireles)

‘Folhas de Outono’

Direção: Aki Kaurismaki; 81 min; em cartaz nos cinemas

Em um dos grandes filmes de ficção de 2023, a Guerra da Ucrânia não aparece em imagens de prédios destruídos ou no som de explosões. Mas o conflito está ali, inescapável, afinal a história se passa em Helsinque, capital da Finlândia, que compartilha com a Rússia uma fronteira de mais de 1.300 km. Relatos sobre os confrontos surgem nos momentos em que Ansa (Alma Pöysti) ouve rádio –o noticiário sobre os ataques russos a perturba, mas ela não deixa de acompanhá-lo. Sem a pretensão de um ensaio visual sobre geopolítica, ‘Folhas de Outono’ é um belo filme sobre o amor em tempos de guerra. (Naief Haddad)

’20 dias em Mariupol’

Direção: Mstislav Chernov; 94 minutos; indisponível no streaming

O documentário foi feito por jornalistas ucranianos da agência de notícias Associated Press que decidiram ficar na cidade de Mariupol enquanto outros profissionais de imprensa fugiam da região durante um dos cercos mais brutais na Guerra da Ucrânia. A obra mostra desde os bombardeios à distância até a chegada de tanques russos ao centro da cidade portuária. O filme retrata a destruição e o drama de pacientes e profissionais nos hospitais. (Renan Marra)

‘Napoleão’

Direção: Ridley Scott; 158 minutos; em cartaz nos cinemas

Em um ano em que guerras marcaram o noticiário, o filme conta a biografia de Napoleão Bonaparte, um dos maiores estrategistas militares da história. O longa mostra como o líder ganhou destaque durante a Revolução Francesa (1789 – 1799) e ascendeu ao posto de imperador. Além de batalhas importantes, como a de Waterloo (1815), o filme dá ênfase ao relacionamento com Joséphine. (Renan Marra)

‘O Grande Irmão’

Direção: Camilo Tavares; 85 min; disponível para aluguel no Now

O documentário nos leva de volta a 1973, mais exatamente ao trágico 11 de setembro, quando um golpe liderado pelo general Augusto Pinochet derrubou o presidente Salvador Allende em Santiago, no Chile. Com depoimentos e, principalmente, documentos antes sigilosos, a obra expõe a relevância do apoio da ditadura brasileira aos planos autoritários dos militares chilenos. Há menções ao diplomata americano Henry Kissinger, que morreu no mês passado. Então assessor de Richard Nixon, ele se preocupava com o fortalecimento do socialismo ao estilo Allende. (Naief Haddad)

‘C’é Ancora Domani’

Direção: Paola Cortellesi; 118 min.; indisponível no streaming

Ambientado no pós-Segunda Guerra, mostra a vida de uma mulher casada com um marido violento —em uma época em que o patriarcado era ainda mais opressor do que hoje— e a conquista de direitos, como o voto, uma experiência inédita. Comovente sem ser piegas, o longa italiano estreou no momento em que país debatia a violência de gênero, que neste ano fez quase cem vítimas. (Michele Oliveira)

‘Bem-vindos de novo’

Direção: Marcos Yoshi; 105 min; indisponível no streaming

Após 13 anos trabalhando no Japão, o casal Yayoko e Roberto Yoshisaki retorna ao Brasil e se reencontra com os três filhos, entre eles o diretor, Marcos, que ficaram com os avós. O filme faz um retrato sensível das tensões e afetos que permeiam uma família de dekasseguis, como são chamados esses trabalhadores temporários no Japão. (Fernanda Perrin)

‘Barbie’

Direção Greta Gerwig; 114 min.; disponível na HBOMax.

Que outro filme seria capaz falar de desigualdade de gênero e as diferenças entre as expectativas das mulheres e as que existem sobre elas, disfarçando tudo isso num caldo cor-de-rosa com números musicais que nem uma ervilha numa colherada de arroz? Divertido e ao mesmo tempo óbvio e impossível, o longa é um pequeno milagre: um filme de estúdio comandado por uma cineasta indie sobre o brinquedo mais famoso do mundo. Tinha tudo para dar errado, mas até que deu certo. (Beatriz Izumino)

Fonte: Folha de São Paulo

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