O chefe da UNRWA, a agência da ONU para refugiados, disse nesta quinta-feira (14) que parte da assistência enviada à Faixa de Gaza tem sido interceptada pela população em grave crise humanitária.
“As pessoas estão parando os caminhões, pegando os alimentos e comendo-os imediatamente. Isso mostra como estão desesperadas e famintas”, disse Philippe Lazzarini no Fórum Global de Refugiados em Genebra, na Suíça.
Segundo o Programa Mundial de Alimentos da ONU, metade da população de Gaza, o que corresponde a mais de 1 milhão de pessoas, está passando fome, à medida que, na parte sul do território, o ataque militar de Israel se expande e as pessoas ficam sem acesso aos suprimentos.
Lazzarini também salientou que as enormes multidões nas ruas tornam mais difícil alcançar centenas de milhares de pessoas nos abrigos da ONU no sul da maior cidade no território palestino.
“Encontramos cada vez mais pessoas que não se alimentam há um, dois ou três dias. Nosso ambiente operacional se torna cada vez mais difícil. E a única maneira, a esta altura, na ausência de um cessar-fogo, de lidar com isso e reverter essa tensão é levar assistência em escala.”
As entregas de suprimentos que entram em Gaza por Rafah, o único ponto de entrada na fronteira com o Egito, são apenas uma fração dos índices pré-guerra, apesar do aumento das necessidades.
Israel afirma que aumentou a capacidade de inspeção de suprimentos e reabriu a passagem do kibutz de Kerem Shalom para verificações, nesta semana, com intuito de facilitar o fluxo.
Segundo estimativas da ONU, até 85% dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza, uma das áreas mais densamente povoadas do mundo, foram deslocados de suas casas e agora estão amontoados em uma área cada vez menor no sul, perto da fronteira com o Egito.
Lazzarini ressaltou que as entregas de suprimentos estavam concentradas nas áreas sul e central de Gaza, mas que se tornou “terrivelmente difícil” levar ajuda às pessoas que permanecem no norte de Gaza, posto que uma pausa de sete dias no conflito terminou em 1º de dezembro.