O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou nesta sexta-feira (8) que a queda de um helicóptero da Guiana dois dias antes, na quarta (6), foi “uma mensagem do além”. Cinco soldados morreram no acidente —outros dois militares que estavam na aeronave sobreviveram.
“Transmito minhas condolências ao povo guianense e às suas Forças de Defesa, mas esta é uma mensagem do além: não se metam com a Venezuela, quem se mete conosco se dá mal”, disse o líder diante do palácio presidencial de Miraflores, em Caracas.
Maduro ainda aproveitou a ocasião para para se queixar que os meios de comunicação guianenses estavam acusando-o de abater a aeronave. O chefe das Forças Armadas do país, Omar Khan, afirmou à AFP que não há nenhuma indicação de que Caracas tenha envolvimento com o episódio.
O ditador deu as declarações durante um evento para apoiadores. Nele, voltou a exibir uma versão do mapa da Venezuela em que Essequibo —região da Guiana que corresponde a 2/3 de seu território— aparece anexada.
A área é reivindicada por Caracas desde o século 19, mas o interesse do regime sobre ela renasceu em 2015, após a descoberta de uma reserva de petróleo na sua costa quase equivalente à brasileira. No domingo, a população foi chamada às urnas para votar em um plebiscito acerca da anexação da área, conhecida localmente como Guayana Esequiba.
O “sim” venceu o pleito, com 96% dos que votaram supostamente se manifestando em favor da criação de um novo estado no país e a concessão de nacionalidade aos 125 mil habitantes da região.
Especialistas temem que o resultado da votação, que contraria recomendação da Corte Internacional de Justiça (CIJ) dada na semana passada, tenha dado a Maduro o ímpeto de invadir seu vizinho.
Eles observam que as chances de que o plano seja levado a cabo são pequenas. Mesmo assim, ao longo desta semana, o ditador deu diversas mostras de que pretende ir em frente, ordenando por exemplo que a petroleira estatal PDVSA conceda licenças para a “extração imediata” de petróleo na região e anunciando um projeto de lei que permitiria a anexação.
Também decidiu recorrer ao seu maior aliado externo, o líder russo Vladimir Putin, sendo esperado no Kremlin, em Moscou, nos próximos dias —trazendo com isso o principal adversário dos Estados Unidos para dentro da crise na América do Sul.
Washington, aliás, havia anunciado a realização de exercícios militares aéreos com a Guiana na quinta. Embora a embaixada americana em Georgetown tenha afirmado em comunicado que tratava-se de “operações de rotina”, elas foram lidas pelo regime venezuelano como uma ameaça.