O presidente da Guiana, Irfaan Ali, 43, afirmou que as Forças de Defesa do país estão em “alerta total” após o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, ordenar que a petroleira estatal PDVSA conceda licenças para a extração de petróleo em Essequibo, território guianense rico em recursos naturais, segundo a rede britânica BBC.
Irfaan descreveu a medida do regime venezuelano como “uma ameaça direta” e acrescentou que as Forças Armadas guianeses estão em contato com “parceiros” internacionais para monitorar a crise, incluindo autoridades dos Estados Unidos. O presidente disse ainda que recorrerá ao Conselho de Segurança da ONU para denunciar a situação.
O governo americano reiterou sua oposição a um conflito militar entre Venezuela e Guiana num aparente recado a Maduro, que inflamou nos últimos dias os discursos pela anexação do território vizinho.
A mensagem soa como recado ao ditador Nicolás Maduro, que na véspera anunciou medidas iniciais para anexação e exploração do território de Essequibo. John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, disse que a crise é preocupante e que Washington acompanha a situação de “muito perto”.
A disputa entre os vizinhos agravou na terça (5), quando Maduro deu o passo inicial à anexação e exploração de Essequibo. Além da concessão de licenças para a exploração de recursos naturais, o ditador propôs uma lei que prevê a criação de uma província venezuelana no território da Guiana.
Autoridades vêm manifestando o temor de que o plebiscito organizado pelo regime venezuelano no domingo (3) dê a Maduro o ímpeto de invadir o vizinho, ainda que especialistas afirmem que essa possibilidade é pequena. Na votação, 96% dos eleitores do país se manifestaram a favor da criação de uma nova província em Essequibo e da concessão de nacionalidade aos 125 mil habitantes da região.
Diante desse cenário, o Brasil decidiu antecipar o envio de 16 blindados para Boa Vista (RR), na fronteira com a Venezuela. O Itamaraty, no entanto, diz acreditar que o risco de um potencial conflito entre os dois países seja baixo. A movimentação militar é vista apenas como uma estratégia de dissuasão diante das iniciativas de Maduro.
Numa tentativa de arrefecer a crise, os chanceleres venezuelano, Yván Gil, e guianense, Hugh Todd, conversaram pela primeira vez sobre Essequibo desde o agravamento da disputa. As partes teriam concordado em “manter os canais de comunicação abertos” e manifestado a “necessidade de deter as ações que possam agravar a controvérsia”, segundo comunicado do regime venezuelano.
Embora tenha feito acenos ao governo vizinho, o regime venezuelano reafirmou seu posicionamento sobre Essequibo. “[Na conversa] a parte venezuelana aproveitou para atualizar a Guiana sobre a participação avassaladora que a consulta popular teve, gerando um mandato inapelável”, acrescentou a nota divulgada por Caracas após o presidente guianense, Irfaan Ali, questionar a real participação do eleitorado.