Autoridades dos Estados Unidos acusaram nesta segunda-feira (4) um diplomata aposentado americano de ter trabalhado por décadas como agente secreto para o regime de Cuba. Os investigadores disseram ter provas de que ele apoiou secretamente a nação estrangeira enquanto era funcionário do Departamento de Estado.
Em queixa criminal apresentada num tribunal federal em Miami, promotores federais disseram que o diplomata Manuel Rocha ajudou de forma secreta a “missão clandestina de coleta de informações” de Cuba contra os EUA desde 1981. Também há indícios de que ele se encontrou com agentes da principal agência de espionagem cubana até 2017.
Por mais de duas décadas, Rocha lidou com assuntos relacionados à América Latina em uma série de cargos no Departamento de Estado, incluindo como embaixador da Bolívia até 2002. Mais recentemente, ele foi conselheiro de um comando militar dos EUA responsável por Cuba, entre outras áreas.
A queixa não entra em detalhes sobre como Rocha pode ter influenciado a política americana ou que informações ele pode ter enviado a Cuba. Mas descreve três reuniões ao longo do último ano entre Rocha e um agente disfarçado do FBI, em que o diplomata acreditava ser um representante da agência de espionagem cubana, a Diretoria de Inteligência.
Várias vezes durante essas reuniões, Rocha falou em trabalhar no interesse da agência e se referiu aos EUA como “os inimigos”, de acordo com depoimento feito em tribunal por Michael Haley, um agente especial do FBI em Miami.
Rocha foi citado no depoimento dizendo que “o que fizemos” é “enorme” e “mais do que um Grand Slam [os torneios mais importantes do tênis]”, embora o depoimento não especifique a que ele estava se referindo. As conversas foram em espanhol e traduzidas pelo FBI.
Rocha foi acusado de atuar como agente ilegal de um governo estrangeiro, além de outros dois crimes. Esperava-se que ele comparecesse a um tribunal em Miami na tarde de segunda.
Em comunicado, o procurador-geral Merrick Garland disse que Rocha havia buscado cargos no serviço diplomático que lhe davam acesso a informações secretas e permitiam que ele influenciasse a política externa. “Esta ação expõe uma das infiltrações mais abrangentes e duradouras ao governo dos EUA por um agente estrangeiro”, disse Garland.