O coordenador da Defesa Civil de Maceió, Abelardo Nobre, explicou ao Fique Alerta nesta quarta-feira, 29, que a mina de extração de sal-gema, identificada como ‘número 18’, é a que está em risco iminente de colapso. A mina está localizada na região do antigo Centro de Treinamento do CSA, no Mutange, em Maceió. Segundo Abelardo, há risco de desabamento na área emersa, em solo, próximo à Avenida Major Cícero de Góes Monteiro, e na margem da Lagoa Mundaú, em região submersa. (Veja o trecho da entrevista no vídeo abaixo)
“É uma notícia não muito boa, embora venhamos monitorando e que estava sendo previsto, embora com todo esforço de preenchimento dessas minas. Uma dessas minas, a número 18, não deu tempo de ser preenchida e vem apresentando esses sismos de forma bastante frequente desde o dia 6 de novembro. Esses sismos cada vez mais com maior intensidade, frequência e indo em direção à superfície. Com esses dados e também de outro aparelhos, chegamos a conclusão que há uma iminência de colapso desta mina. Essa mina está muito próxima à margem da laguna, da lagoa Mundaú. Por isso que pedimos que as pessoas que pescam nessa região evitem chegar próximo ao local, ou ter acesso à Lagoa Mundaú. Há uma demarcação de bóias que foram colocadas pela Marinha, inclusive, neste momento, a Marinha está fazendo um trabalho com os pescadores para evitar que as pessoas tenham acesso à lagoa até pelo menos uma segunda avaliação da Defesa Civil”.
“A gente tem esse cuidado e também em alertar as pessoas que evitem transitar pelo local, porque é algo que não temos um manual de instruções, é um fenômeno. Com essas condicionantes e essas características, é único no mundo. Nosso trabalho tem que ser muito técnico e cauteloso. Por isso estamos vindo aqui para evitar que as pessoas se alimentem de desinformação e venham causar pânico desnecessário”, afirmou o coordenador do órgão municipal.
Após o alerta emitido pela Defesa Civil Municipal de Maceió, sobre o risco de colapso em minas da região do Mutange, no final da manhã desta quarta-feira (29), uma reunião foi convocada pela coordenadoria estadual da Defesa Civil de Alagoas, para discutir as ações que serão adotadas diante da situação. Os órgãos devem se reunir às 17h, na sede da Defesa Civil Estadual, no bairro do Farol.
Risco de colapso – Moradores do condomínio Morada das Árvores, no Pinheiro, relataram ao TNH1, nessa terça-feira, 28, que sentiram a terra tremer em pelo menos cinco ocasiões entre a madrugada de segunda-feira e a tarde de ontem.
“A Defesa Civil está monitorando a área e informando o que está acontecendo na região. Todos esses sismos, alguns deles sentidos pela população, descreviam na verdade, essa possibilidade. E hoje, com outras informações de outros equipamentos que só chegaram hoje até nós, chegamos a conclusão que essa mina pode, sim, a qualquer momento, colapsar”, disse Abelardo.
O que seria o colapso da mina 18? – “Essa proporção, não temos como dimensionar agora. O volume dela, mas ela está se auto preenchendo. Se chegar até a superfície, vai chegar com determinado volume, esse volume deverá ser preenchido pela água da lagoa. Não temos como mensurar quais serão os efeitos colaterais, não temos na literatura internacional algo que seja igual a nossa situação”, ponderou o coordenador.
“É próximo ao campo do CSA. Ela pode se romper, se isso acontecer, na superfície (próximo à avenida), como pode também se romper na parte submersa (na margem da lagoa)”, apontou.
Impacto ambiental – Abelardo Nobre destacou que a Braskem está acompanhando todo o monitoramento. “A mineradora está acompanhando também os estudos, tem a equipe dela que nos fornece informações, compartilha informações. A Defesa Civil também conhece os técnicos. Ela está à disposição de ações que a Defesa Civil possa fazer. Estamos trabalhando justamente no nosso plano de contingência.
O coordenador da Defesa Civil de Maceió frisou ainda que as forças de segurança, o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil do Estado estão sendo contactados pelo órgão.
“Para que estejamos preparados para um cenário que esteja em uma extremidade ou em outra. Qual é o melhor cenário? Acontece na área emersa e ali para, se estabiliza. Emersa seria fora da lagoa”.
“Se for na área submersa, a água vai preencher a mina. E aí tem um cenário que, quando a água preenche, ela estabiliza. A água é incomprimível, ela segura. Agora, existem outros cenários, que estamos fazendo as devidas modelagens e temos que estar preparados”.
“Hoje, o nosso risco maior é o submerso, porque o impacto ambiental é maior nessa região. No momento em que a água da lagoa, que tem um equilíbrio entre a água salgada e água doce, proporcionando, por exemplo, o mangue, e tem o contato com essa cavidade que pode vir com um fluído com bastante sal, tem o aumento da salinidade. Pode causar um desequilíbrio ambiental muito grande”, alertou.
Quais ações estão sendo feitas? – “Temos cerca de 20 famílias que moram nas áreas do mapa versão 4. Essas pessoas estão sendo notificadas para realocação imediata. Outros estabelecimentos que ainda ocupam a área estão nesse momento sendo evacuados por uma questão de prevenção e precaução. Outras áreas mais adjacentes estamos estudando os dados para saber se há necessidade de evacuarmos, também de forma preventiva ou não. Isso tudo de forma muito cautelosa, de forma responsável a não causar de forma desnecessária pânico à nossa população”, disse Abelardo Nobre.
O que diz a Braskem – “A Braskem informa que, em decorrência do registro de microssismos e movimentações de solo atípicas pelo sistema de monitoramento, paralisou suas atividades na Área de Resguardo. Tais registros estão concentrados em um local específico, dentro das áreas de serviço da companhia, nas proximidades da Av. Major Cícero de Goes Monteiro.
A área, que já estava com algumas atividades paralisadas para evitar interferência na coleta de dados, foi isolada preventivamente e em cumprimento às ações definidas nos protocolos da companhia e da Defesa Civil. Essa é uma medida preventiva enquanto se aprofunda a compreensão da ocorrência.
A Braskem segue acompanhando de forma ininterrupta os dados de monitoramento, que são compartilhados em tempo real com a Defesa Civil Municipal”.