O Hamas disse nesta quarta-feira (29) que Kfir Bibas, 10 meses, seu irmão, Ariel, de 4 anos, e sua mãe, Shiri, 32, foram mortos em um bombardeio israelense na Faixa de Gaza, onde a família era mantida como refém do grupo terrorista. Seu pai, Yarden, 34, que também estava capturado, não foi mencionado no comunicado.
O Exército de Israel disse estar verificando a alegação das Brigadas al-Qassam, braço armado da facção terrorista palestina , mas afirmou também que o Hamas “é totalmente responsável pela segurança de todos os reféns na Faixa de Gaza”. Não foi possível verificar de forma independente a morte da família.
O bebê era o mais jovem entre os sequestrados nos ataques de 7 de outubro. Se confirmada, a notícia deve causar revolta na sociedade israelense, onde a família está entre os reféns civis mais conhecidos. Na terça-feira (28), parentes dos Bibas se manifestaram depois de a família não ser incluída no penúltimo grupo a ser libertado na atual leva do acordo de cessar-fogo.
A poucas horas do fim da trégua entre Israel e Hamas, que acaba nesta quarta, mediadores negociam uma nova extensão do cessar-fogo. Seria a segunda ampliação do acordo que começou na última sexta-feira (24) e foi prolongado por mais dois dias na terça (28).
Em pelo menos uma ocasião durante o atual conflito, uma pessoa foi dada como morta pelo Jihad Islâmico, grupo aliado do Hamas em Gaza, e libertada dias depois. Foi o caso de Hannah Katzir, 77. A idosa foi sequestrada quando estava em sua casa, no kibutz Nir Oz, e foi devolvida no primeiro grupo de reféns libertados, após 49 dias sob poder da facção terrorista.
À agência de notícias Reuters, um membro do governo israelense disse que seria impossível estender a trégua, que venceria na manhã de quinta (30), sem o compromisso do Hamas de libertar todas as mulheres e crianças. Ele diz acreditar que o grupo quer manter mulheres e crianças suficientes para prolongar a pausa nos combates por dois ou três dias.
No ataque do dia 7 de outubro, quando 1.200 pessoas foram mortas e cerca de 240, sequestradas, segundo Israel, outras crianças e bebês foram feitos de reféns pelo Hamas. A israelense-irlandesa Emily Hand, 9, por exemplo, foi libertada no último sábado (25), mas ainda se recupera dos 50 dias em que ficou refém do grupo terrorista na Faixa de Gaza.
Em entrevista ao jornal britânico The Sun, seu pai, Tom, diz que a filha tem medo de fazer barulho e agora apenas sussurra ao falar.
“Quando ela retornou, literalmente tive que aproximar meu ouvido de seus lábios para ouvir o que ela dizia”, afirmou. “Ela era uma criança normal, feliz e barulhenta, mas agora sussurra. Ela movimentava os lábios sem nenhum volume ou mesmo ar saindo.”
Tom supõe que os terroristas pediram para os sequestrados ficarem em silêncio, e agora sua filha se acostumou a falar assim. Ele acrescenta que fará “o que for necessário” para ajudar na recuperação de Emily.
A menina foi sequestrada no dia 7 de outubro no kibutz Beeri, quando dormia na casa de uma amiga, Hila, 13, que também foi libertada no sábado. Emily chegou a ser considerada morta em um primeiro momento, antes da confirmação de que estava entre os reféns.
A trégua que possibilitou a troca de reféns de Israel por presos palestinos trouxe o primeiro alívio para uma guerra lançada por Tel Aviv para aniquilar o Hamas após o ataque de outubro. A resposta israelense foi uma de suas campanhas aéreas mais intensas dos últimos anos, o que reduziu grande parte de Gaza a um terreno baldio. Mais de 15 mil pessoas foram mortas no território, de acordo com as autoridades de saúde palestinas, dos quais 40% são crianças.