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Hospitais no norte da China enfrentaram aumento de internações com doenças respiratórias nos últimos dias. Segundo a Organização Mundial da Saúde, houve alta de consultas ambulatoriais após um surto de pneumonia por micoplasma, uma infecção bacteriana relativamente comum e leve que afeta principalmente crianças.
A Comissão Nacional de Saúde da China declarou que o surto foi combinado com outros patógenos comuns nesta época do ano, como o vírus sincicial respiratório (ou VSR), que atinge sobretudo bebês, e o influenza, causador da gripe.
Em Tianjin, cidade a cerca de duas horas de Pequim, o hospital infantil regional atendeu mais de 13 mil pacientes pediátricos nos departamentos laboratoriais e de emergência, um recorde de acordo com a televisão local.
Autoridades sanitárias foram orientadas a aumentar a disponibilidade e horários de atendimento nas chamadas “clínicas de febre”.
- À OMS, as autoridades de saúde chinesas afirmaram que o surto é uma consequência das restrições impostas pela política de Covid zero;
- Como muitas crianças ficaram isoladas em casa, elas não desenvolveram imunidade a patógenos que circulam durante o inverno.
Ainda no comunicado, a OMS informou que pediu mais dados epidemiológicos à China, incluindo resultados laboratoriais das crianças internadas, tendências de circulação de agentes patogênicos conhecidos e qual o atual nível de lotação dos hospitais.
Por que importa: diante do pesadelo que foi a pandemia de Covid-19, teorias conspiratórias se espalharam pela internet. Por ora, especialistas afirmam que não há motivos adicionais de preocupação. Países como Austrália e Nova Zelândia, que adotaram medidas restritivas de circulação semelhantes às da China, também enfrentaram surtos de doenças respiratórias parecidas com o caso atual.
Pare para ver
O autor: Gao nasceu em Xiamen, na província de Fujian, mas foi educado na Escola de Belas-Artes de Le Mans, na França. Morando em Xangai, ele passou os meses de lockdown trancado em casa e documentando as cenas que acompanhou durante a fase mais crítica da pandemia na China. Leia mais sobre o trabalho dele aqui.
O que também importa
★ Dois ex-oficiais taiwaneses foram acusados de atentar contra a lei de segurança nacional de Taiwan e supostamente facilitar reuniões de militares da ilha com agentes de inteligência chinesa. Segundo a denúncia, o almirante reformado Hsia Fu-hsiang e o ex-deputado Lo Chih-ming teriam organizado 13 viagens à China para militares reformados de 2013 a 2018. Os encontros serviriam para a inteligência chinesa “consultar e recrutar” os convidados para sua rede de espionagem. Se condenados, podem pegar até cinco anos de prisão.
★ A China anunciou que derrubará a necessidade de vistos de turistas para cidadãos da França, Alemanha, Itália, Holanda, Espanha e Malásia. A medida será implementada em fase de testes a partir de dezembro e valerá por um ano. Ela foi tomada unilateralmente. Cidadãos desses países poderão permanecer em território chinês por até 15 dias. Segundo a porta-voz da chancelaria chinesa, Mao Ning, a ideia é “promover o desenvolvimento de alta qualidade da China e sua agenda de abertura”.
★ Pequim alertou a Austrália sobre o que classificou como “ações provocativas” do país na região de Taiwan. A mensagem foi enviada após um navio militar australiano trafegar pelo estreito que separa a ilha da China continental. O atrito acontece semanas depois de uma visita do premiê Anthony Albanese a Pequim para a restauração dos combalidos laços diplomáticos entre os dois países.
Fique de olho
China, Coreia do Sul e Japão vão retomar as reuniões de cúpula trilaterais, algo que não acontece desde 2019. A decisão foi anunciada no domingo (26) após o encontro dos ministros das Relações Exteriores dos três países na cidade de Busan, na Coreia do Sul.
Essas reuniões eram realizadas todo ano desde 2008, mas deixaram de acontecer na pandemia.
- A ideia agora é promover projetos na área de comércio, tecnologia, saúde pública, segurança e desenvolvimento sustentável;
- Os três países também concordaram em tentar ampliar o intercâmbio de pessoas, o que deve incluir aumento de voos diários e programas acadêmicos conjuntos.
Por que importa: a China ficou incomodada com a aproximação recente entre Coreia do Sul e Japão, encorajada pelos Estados Unidos que chegaram a realizar uma cúpula de alto nível em Camp David neste ano. Na ocasião, Joe Biden anunciou que Washington, Seul e Tóquio se reunirão anualmente para discutir a relação trilateral, uma vitória significativa para os americanos.
Para ir a fundo
- O Instituto de Artes da Unesp sediará até o próximo dia 30 a exposição “Uma Visão Poética da China”. A mostra reúne mais de vinte peças produzidas pelos artistas convidados Tan Chongzheng e Deng Hongtao, ambos docentes da Universidade de Hubei. Leia mais aqui. (gratuito, em português).
- A Observa China, think tank do qual sou co-fundador, abriu inscrições para um curso que vai treinar jornalistas e estudantes de jornalismo para cobrir tópicos da China. Financiado pela Freedom House, os encontros acontecem virtualmente nos dias 2 e 9 de dezembro. Informações e inscrições aqui. (gratuito, em português).