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Irlanda: ‘Vaquinha’ para brasileiro junta mais de R$ 1 mi – 24/11/2023 – Mundo

Uma arrecadação online juntou mais de € 220 mil (cerca de R$ 1,18 milhão) para o carioca Caio Benicio, que interrompeu um ataque a faca a crianças no centro de Dublin nesta quinta-feira (23). A agressão desencadeou um protesto violento na capital irlandesa por manifestantes anti-imigração que acreditam ter sido um estrangeiro o autor do ataque —as autoridades não confirmaram essa hipótese.

A arrecadação no site gofundme.com para o entregador brasileiro tem o título de “compre uma cerveja para Caio Benicio” e tinha uma meta de € 200 mil —um usuário fez uma única doação de € 1.500. Outra vaquinha juntou € 81 mil para um funcionário da escola que cuidava das crianças no momento do ataque e ajudou a mantê-las afastadas.

Uma das três crianças esfaqueadas na rua em frente à escola permanece em estado crítico, afirmou o ministro da Justiça da Irlanda nesta sexta-feira (24). Além de não divulgar nacionalidade do agressor, as autoridades ainda não determinaram a motivação do ataque.

Benicio passava próximo a uma escola quando viu um homem começar a esfaquear cinco pessoas, três delas crianças, nesta quinta. Por “puro instinto”, ele pulou da moto que guiava e acertou o agressor com seu capacete, evitando que o ataque continuasse.

“Não foi uma decisão que tomei, foi instinto puro, tudo acabou em segundos. Ele [o agressor] caiu no chão, eu nem vi aonde foi a faca, e outras pessoas intervieram”, afirmou à imprensa irlandesa.

Em áudio compartilhado com amigos, Caio conta que passava de moto no local do ataque e parou quando viu o que parecia ser uma briga. “Quando eu vi a faca, joguei a moto no chão e fui para cima do cara que estava esfaqueando a criança de cinco anos no peito. Nem pensei em nada, tirei meu capacete, dei uma porrada na cabeça dele e derrubei o cara.”

Caio diz que estava nervoso quando foi levado à delegacia para prestar depoimento. “Estava tremendo todo.” No áudio, o brasileiro contou aos amigos que o autor do ataque era “um maluco, não terrorista”.

Poucas horas depois do ataque, uma das principais vias de Dublin foi tomada por manifestantes anti-imigração sob o pretexto de que o autor do esfaqueamento era estrangeiro.

O transporte público foi suspenso na cidade após confrontos entre a polícia e os manifestantes, que bradavam slogans anti-imigração na rua O’Connell. “Há um grupo de pessoas, bandidos, criminosos, que estão usando esse ataque terrível para semear divisão”, afirmou a ministra da Justiça, Helen McEntee.

Viaturas e ônibus foram queimados e lojas saqueadas no protesto violento, e a polícia prendeu 34 pessoas após os atos violentos.

“Parece que eles não gostam de imigrantes. Bem, eu sou um imigrante e fiz o que eu podia para tentar salvar aquela menina”, afirmou Benicio ao site The Journal, quando perguntado sobre os atos posteriores ao ataque.

O ressentimento de uma minoria na Irlanda contra imigrantes, que buscam asilo político no país em plena crise econômica, tem motivado protestos recentes na porta de centros de refugiados. Mas o primeiro-ministro Leo Varadkar, em declaração nesta sexta, disse que o que aconteceu na véspera não reflete o sentimento dos irlandeses, uma nação de imigrantes.

Fonte: Folha de São Paulo

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