Milhões de eleitores voltam às urnas neste domingo (19) para escolher o novo presidente da Argentina. Em um país mergulhado em crise econômica, um dos candidatos é o governista Sergio Massa, o atual ministro da Economia. O outro é o ultraliberal Javier Milei, que tem propostas radicais e defende, por exemplo, a eliminação do Banco Central.
Os eleitores terão como opção de voto apenas os dois presidenciáveis. No primeiro turno, que ocorreu no dia 22 de outubro, a população argentina elegeu deputados, alguns senadores e governadores de províncias e até representantes do país no Mercosul. As disputas regionais confirmaram a queda de popularidade do peronismo, mas análises que indicavam uma derrota colossal do movimento não se concretizaram.
Massa (União pela Pátria) largou na frente. Ele obteve 36% dos votos, contra 30% de Milei (A Liberdade Avança), em segundo. Mas o ultraliberal recebeu o apoio da macrista Patricia Bullrich, que acabou derrotada em terceiro, com 23% dos votos. As últimas pesquisas de intenção de voto mostram uma disputa acirrada, com empate técnico ou ligeira vantagem para o candidato da oposição. O vencedor tomará posse em 10 de dezembro, data que marca os 40 anos de democracia na Argentina.
Assim como no primeiro turno, que ocorreu no dia 22 de outubro, os locais de votação abrem às 8h e recebem eleitores até as 18h —o horário em Buenos Aires é o mesmo de Brasília. Mais de 35 milhões de argentinos estão aptos a votar, segundo a Direção Nacional Eleitoral do país, considerando a população nativa (16 anos ou mais) e a de naturalizados (18 anos ou mais). O voto é obrigatório para quem tem entre 18 e 70 anos.
Eleitores que não compareceram ao primeiro turno podem ir votar no domingo. A ausência deverá ser justificada à Secretaria Eleitoral no prazo de 60 dias após a eleição. A venda de bebidas alcoólicas ficará proibida por 25 horas, das 20h de sábado (18) até as 21h de domingo.
O segundo turno ocorre porque nenhum dos candidatos atingiu 45% dos votos válidos ou mais; ou 40% com uma diferença de 10 pontos percentuais do total de votos na votação de outubro.
Foram habilitadas 104.577 seções eleitorais distribuídas ao longo do país, segundo a Direção Nacional Eleitoral da Argentina. Os eleitores, após apresentarem seu documento nacional de identidade, recebem um envelope vazio e vão para a chamada sala escura, uma cabine.
Lá, o eleitor escolhe entre cédulas que mostram cada candidato, as chamadas “boletas”, e as insere no envelope. Em seguida, deposita o envelope na urna.
A apuração terá duas etapas. A provisória começa neste domingo, assim que os presidentes de cada seção informarem os resultados apurados ao Ministério do Interior por meio de um telegrama.
A correspondência vai até a Direção Nacional Eleitoral, que compila os resultados preliminares com a maioria das seções. Estes começam a ser conhecidos por meio das pesquisas de boca de urna, que são divulgadas antes dos resultados oficiais e fornecem uma visão de como foi a eleição, mas não têm validade oficial.
Essas pesquisas, feitas por veículos de comunicação, não podem ser divulgadas até as 21h, uma vez que a lei veta qualquer tipo de divulgação de dados em massa até três horas após um ato eleitoral.
O resultado definitivo só começa a ser apurado 48 horas depois do fim da votação. Esse processo é feito a partir das atas de cada seção. Os candidatos têm o direito de designar fiscais para acompanhar a apuração. Embora não tenha apresentado diferenças significativas na contagem ao longo dos anos, essa etapa formal serve para corrigir erros em documentos e a contagem de votos de pessoas privadas de liberdade e das que vivem no exterior
Alguns eleitores ventilam a possibilidade de fraude, teoria sem fundamento em evidências que tem circulado entre partidários do ultraliberal. Desde que a democracia foi restabelecida, em 1983, as eleições no país funcionaram sem problemas relevantes. Houve nove pleitos presidenciais no período e em apenas quatro delas os partidos no poder venceram.
O governo argentino mobilizou 86 mil agentes das Forças Armadas e de outras forças de segurança para coibir eventuais episódios de violência no segundo turno.